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Ao envolver chefe da Câmara de SP, apuração sobre ônibus deve ser aprofundada

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Milton Leite (União Brasil), presidente da Câmara Municipal de São Paulo - Danilo Verpa/Folhapress

Com a quebra dos sigilos bancário e fiscal do presidente da Câmara Municipal de São Paulo, o inquérito que apura suposta infiltração da facção criminosa PCC no transporte público da capital ganha intrincados contornos políticos.

Reportagem da Folha mostrou que, no entendimento do Ministério Público, o vereador Milton Leite (União Brasil) teve "papel juridicamente relevante na execução dos crimes" da Transwolff —uma das viações de ônibus investigadas no âmbito da operação "Fim da Linha". A empresa, cujo dono está preso, é suspeita de lavar dinheiro para o PCC.

É importante ressalvar que não se sabe o que pesa contra o parlamentar. A Justiça autorizou a quebra dos sigilos a partir de pedido recebido em fevereiro de 2023, quando os promotores apontaram possível ligação de Leite com dirigentes da empresa de ônibus da zona sul, região onde atua politicamente.

Mas, na denúncia da operação, oferecida em abril deste ano, o vereador é arrolado só como testemunha. A Promotoria não esclareceu qual eventual crime o chefe do Legislativo teria cometido.

As investigações, por ora, estão longe de conclusivas —e é cedo para apontar qualquer responsabilidade. Em nota, o parlamentar vê "ilação de terceiros" e diz desconhecer a quebra dos sigilos, além de, acertadamente, colocar seus dados à disposição dos promotores.

Não é de hoje que pairam suspeitas do envolvimento de políticos em ilícitos com empresas de ônibus. Vereadores paulistanos já foram investigados, e três edis de outras cidades do estado foram detidos na referida operação.

O transporte de passageiros em São Paulo é um negócio bilionário. Apenas na atual gestão Ricardo Nunes (MDB), a Transwolff recebeu R$ 2 bilhões em remunerações.

Um dos políticos mais influentes da cidade, Milton Leite está no sétimo mandato seguido e é presidente da Casa há quatro anos.

Às vésperas das eleições municipais, e em respeito aos contribuintes, cumpre ao Ministério Público aprofundar as investigações com celeridade e apresentar mais indícios, se assim existirem. De Leite, espera-se transparência.

editoriais@grupofolha.com.br

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