Há maneiras diversas de descrever e mensurar o processo de empobrecimento vivido pelo Brasil ao longo dos últimos dez anos, bem como suas consequências.
O modo mais óbvio é observar a variação do Produto Interno Bruto, de míseros 5,3% de 2013 até 2022 —no mesmo período, a economia global teve expansão de 28,6%. A média anual brasileira, de 0,52%, nem mesmo chegou a acompanhar o aumento da população.
Não por acaso, a renda per capita declinou ao longo do decênio, de R$ 47.457,80 estimados em 2012 para R$ 46.154,56 no ano passado. Os valores deverão mudar com novos dados demográficos apurados pelo censo de 2022, mas o desempenho trágico não será apagado.
Ele ganha contornos mais palpáveis em trabalho recém-concluído pelo Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (Ibre-FGV), com base em pesquisas amostrais do IBGE,
Constatam-se perdas nos rendimentos do trabalho notavelmente concentradas entre os mais escolarizados. Em cifras corrigidas pela inflação, a renda média dos trabalhadores com 16 ou mais anos de estudo caiu de R$ 7.211 mensais, no segundo trimestre de 2012, para R$ 6.008 no período correspondente deste ano; com 12 a 15 anos, a queda foi de R$ 2.630 para R$ 2.336.
Houve ao menos ganhos nas faixas de menor escolaridade, o que contribui para a redução da desigualdade. Mas os dados evidenciam a escassa criação de vagas mais bem remuneradas para os mais qualificados, entre os quais se elevou a informalidade. Trata-se de mau sinal para a produtividade.
O decênio observado começa com o declínio do boom de commodities, que até ali impulsionara o crescimento do PIB nacional. O governo Dilma Rousseff (PT) tentava estimular a economia à base de gasto público e intervencionismo, mas só conseguiu produzir a brutal recessão de 2014-16.
Desde então vivemos às voltas com tentativas acidentadas de reequilibrar o Orçamento do governo. Depois do impacto da pandemia, ao menos, a atividade vem se expandido em ritmo mais acelerado.
As melhores esperanças agora residem em uma reforma tributária que encoraje investimentos, nas concessões ao setor privado em infraestrutura e num ajuste fiscal que favoreça a queda dos juros.
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