A reaparição ao lado de Geraldo Alckmim conferiu leveza a uma semana que caía indigesta para o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
Após ouvir palavras carinhosas do velho rival, Lula permitiu que cinegrafistas registrassem o momento em que retribuía a gentileza a Alckmin.
As cenas foram transmitidas ao vivo, estratégia improvisada para atenuar o impacto de recentes declarações.
Lula usou as redes a seu favor. Não tem sido sempre assim. Ao vivo, já receitou cerveja como solução para guerra e recomendou o assédio a familiares de deputados em suas casas.
Também defendeu exoneração de 8.000 militares de cargos comissionados, chamou a elite de escravista e propôs debate sobre o aborto.
Líder nas pesquisas, levou a disputa à zona de conforto do presidente Jair Bolsonaro (PL): a dos costumes. Isso, sem nem ter sido indagado, e sem debate com o PT, sobre esses temas.
Os arroubos se deram após temporada desregrada no Rio de Janeiro e Bahia. Rodas de samba, jantares com Gil, Chico Buarque, Martinho da Vila, Daniela Mercury.
Já em São Paulo, reuniu-se com sindicalistas um dia após a quarta dose da vacina contra Covid.
Sua semana é um retrato de uma pré-campanha desestruturada. Cercado de amigos reverentes, diz o que quer.
Grato a quem o defendeu nos 580 dias de prisão, não recusa convites. Virou arroz de festa. Com perdão do trocadilho, o picolé de chuchu é detox da rotina desmedida. Mas nem sempre há novas chances.
Três vezes governador, Alckmin é aposta contra a sangria do PT em São Paulo. Em 2014, o tucano Aécio Neves derrotou Dilma Rousseff por 6,8 milhões de votos. Em 2018, Bolsonaro venceu Fernando Haddad com cerca de 8 milhões de votos de vantagem. Por isso, Lula insiste na aliança com o PSB no Estado. Ele quer Alckmin só com o PT em São Paulo.
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