Fazer escolhas é uma valiosa capacidade que todos temos, muitas vezes pouco valorizada. Não nos debruçamos suficientemente a refletir sobre as escolhas que podemos fazer no nosso dia a dia ou sobre os diversos caminhos que podemos tomar ao decidir por trabalhos, profissões, relacionamentos, agendas, distribuição de tempo, lugar de moradia, escolhas políticas etc.
Gerir uma empresa também pode ser feito de diversas maneiras, e a gestão socialmente responsável é uma delas. Implica medir, para cada decisão, os impactos que teriam sobre todos os públicos que se relacionam com a empresa: funcionários, clientes, fornecedores, acionistas, comunidade, meio ambiente, políticos e gestores públicos. Responsabilidade social significa levar adiante apenas decisões que impactam positivamente sobre as pessoas e as comunidades e descartar aquelas que as prejudicam.
Responsabilidade social é também definir e enunciar com total transparência os princípios e valores que devem nortear as ações e relações da empresa e checar a cada momento, em cada área, se as decisões são coerentes com esses valores.
Muitas vezes decisões são difíceis de tomar porque implicam custos. Ao decidir por não comprar produtos que envolvam trabalho infantil e/ou escravo, danos ao meio ambiente e desmatamento ilegal, é possível que tenhamos que pagar mais pelo insumo. Ao decidir por não subornar um agente público, corremos o risco de não obtermos determinadas vantagens econômicas.
A recompensa vem de diferentes maneiras. Pesquisas mostram que empresas socialmente responsáveis são mais lucrativas e seguras. Conseguem recrutar os melhores talentos e conquistam a admiração e a preferência dos consumidores. Correm muito menos riscos por não estarem envolvidas em casos de corrupção ou de danos às comunidades e ao meio ambiente. Também por isso conseguem atrair investidores que buscam rentabilidade, responsabilidade e segurança. Outra recompensa é a satisfação pessoal dos gestores, que sentem orgulho por estarem atuando coerentemente com os seus princípios e valores.
A decisão de como e onde anunciar faz parte da gestão socialmente responsável. A empresa socialmente responsável tem que avaliar o impacto dos anúncios sobre as pessoas e os veículos de comunicação e se guardam coerência com os valores da empresa. Na hora de escolher o veículo, o anunciante deveria se fazer as seguintes perguntas: devo anunciar neste veículo por ser adequado ao público que quero atingir e pelo respeito e consideração que tenho pelo veículo? Ou tenho que deixar de anunciar neste veículo por medo de retaliação de algum governante?
Essa é a hora da verdade, a compatibilidade entre discurso e ação, o teste para o real compromisso com a responsabilidade social. Este é o desafio que deveriam enfrentar os anunciantes socialmente responsáveis desta Folha e de todos os outros veículos de comunicação.
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