A atenção mundial está voltada aos incêndios em florestas tropicais do mundo, no Brasil e na Indonésia. Enquanto o governo brasileiro questiona o motivo dessa obsessão pela floresta amazônica, pode-se antever maior interesse à medida que se tornarem evidentes os danos impostos aos países, os prejuízos causados à saúde em comunidades fronteiriças e o agravamento das mudanças climáticas.
A população no Brasil, assim como na Indonésia, na Bolívia, na Rússia e nos Estados Unidos, deve exigir políticas de crescimento sustentáveis. Não se constrói uma economia sólida embutindo “externalidades negativas” causadas pela desregulamentação ambiental. A tradição judaico-cristã dá o exemplo na Bíblia, recomendando que a terra descanse no sétimo ano de produção para regenerar suas capacidades.
Em 2019 a escala de incêndios aumentou na Amazônia brasileira, na Indonésia e na Bolívia, assim como na Sibéria e até no Alasca. Já vivemos um ciclo vicioso, com incêndios agravando a mudança climática, o que os torna mais violentos. Mais surpreendente é o fato de vermos o governo brasileiro enfraquecer regulamentações ambientais, favorecendo interesses de quem provoca os incêndios.
Um fator adicional transforma essas queimadas em crime contra a humanidade. Enquanto os recursos no interior das fronteiras de um país pertencem à nação soberana, os resultados são imprevisíveis quando os incêndios, motivados por interesses em remover a floresta e pela postura ambiental contrária de governos, prejudicam a saúde das pessoas e a ecologia.
No caso da Indonésia, as queimadas prejudicam a saúde de pessoas no Brunei, na Malásia e em Cingapura, o que as torna uma atividade criminosa. Os países vizinhos também são cúmplices quando suas empresas ampliam os incêndios. A responsabilidade é do governo indonésio quando incêndios em seu território afetam a saúde em países limítrofes. De outra parte, se as queimadas na Amazônia prejudicarem a população de vizinhos, esse crime será atribuído ao país de origem.
Os principais emissores, China, Estados Unidos e Índia, aumentaram a queima de combustíveis fósseis nos últimos anos. O Brasil ocupa o sétimo lugar em emissões de gases de efeito estufa, e a Indonésia, o nono. As emissões resultantes do desmatamento são significativas em ambos os países.
A ONU informa que reverter o desmatamento poderá contribuir em cerca de 30% para a solução dos problemas climáticos. Cessar o desmatamento, controlar incêndios e proteger florestas devem ser resultados valorizados por compensações propostas pela ONU junto com bancos multilaterais de desenvolvimento.
O Brasil pode e deve acentuar o seu crescimento econômico. No entanto, fazê-lo à custa da destruição da ecologia e da saúde é a pior política de crescimento. Investir e valorizar o capital natural é a fórmula para um crescimento duradouro, mesmo que esta contrarie os interesses de curto prazo e os privilégios de poucos.
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