Descrição de chapéu França

Le Pen acusa esquerda na França de incitar ataque como o do Capitólio nos EUA

Líder da ultradireita sugere suposta intenção de opositores de querer tomar sede do gabinete do premiê à força; partido nega

Paris | Reuters

A convocação para uma marcha em direção ao gabinete do primeiro-ministro da França, feita por um político de esquerda, foi o suficiente para que a líder de ultradireita, Marine Le Pen, comparasse a ação aos ataques contra o Capitólio americano feitos por apoiadores de Donald Trump.

Os comentários, que ocorreram nesta quarta-feira (10), marcam um endurecimento do discurso de Le Pen, que tem classificado o voto tático na eleição parlamentar do último domingo (7) de um complô da elite para manter seu partido, a Reunião Nacional (RN), fora do poder.

A coalizão de esquerda Nova Frente Popular (NFP) inesperadamente ganhou a maioria dos assentos, mas como nenhum grupo obteve maioria absoluta, a França vive um período de incertezas, sem um caminho óbvio para um governo estável.

Uma mulher de cabelo loiro está falando com a imprensa em uma área externa. Ela está vestindo um blazer preto e segurando uma bolsa azul. Ao fundo, há várias pessoas, incluindo jornalistas com câmeras e microfones. Há também um homem de terno cinza à direita da imagem. O cenário inclui um edifício em construção com andaimes e um prédio clássico com colunas.
A líder francesa da ultradireita Marine Le Pen, ao lado de Jordan Bardella, diante da Assembleia Nacional em Paris - Yara Nardi - 10.jul.24/Reuters

Le Pen disse nesta quarta que a NFP tem "atitudes quase subversivas, já que estão pedindo que o Matignon [sede do gabinete do primeiro-ministro em Paris] seja tomado à força, pelo que pudemos entender".

"É o ataque deles ao Capitólio", acrescentou Le Pen, em referência ao momento em que os apoiadores de Trump invadiram o Capitólio dos EUA em 6 de janeiro de 2021, numa tentativa de impedir a certificação da vitória eleitoral do democrata Joe Biden.

A França Insubmissa, partido de esquerda majoritário na NFP, rejeitou imediatamente a acusação.

Depois que Emmanuel Macron pediu ao primeiro-ministro Gabriel Attal que permanecesse no cargo sob a justificativa de garantir mais estabilidade —o premiê havia anunciado a renúncia após o resultado das eleições— Adrien Quatennens, ex-deputado da França Insubmissa, acusou o presidente de querer roubar a vitória da esquerda e sugeriu uma "grande marcha popular" até o Matignon.

Em sua defesa, Quatennens disse que Le Pen "está louca" por considerar a publicação um chamado para insurreição.

Em janeiro de 2021, logo após a invasão ao Capitólio, Le Pen disse que Trump deveria "condenar o que aconteceu". "Considero que, em uma democracia, temos o direito de protestar e demonstrar, mas pacificamente", disse ela na ocasião. "Qualquer ato de violência que visa minar o processo democrático é inaceitável e fiquei muito chocada com as imagens no Capitólio", escreveu ela em suas redes sociais.

Le Pen passou os últimos anos limpando a imagem de um partido antes conhecido por suas atitudes xenófobas e antissemitas e agora precisa decidir qual direção vai tomar se quiser conquistar o poder na eleição presidencial de 2027.

As pesquisas de opinião projetavam que seu partido anti-imigração e eurocético venceria a eleição de domingo, mas a RN ficou em terceiro lugar, atrás da NFP e dos centristas de Macron.

A NFP, que combina França Insubmissa, os Comunistas, Verdes e Socialistas, continuou as conversas para tentar concordar com um gabinete e planos de políticas.

As opções incluem uma ampla coalizão e um governo tecnocrático liderado por uma pessoa sem filiação política, ambos buscando aprovar leis no Parlamento caso a caso, com acordos pontuais.

Nessas condições, qualquer governo —de esquerda, centro ou de uma coalizão mais ampla— pode se tornar vítima de uma votação de confiança da oposição se não angariar apoio suficiente.

Macron convocou a eleição após a derrota de seu partido para a ultradireita nas eleições do Parlamento Europeu. Ele tinha a esperança de esclarecer o cenário político, o que não aconteceu.

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