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Bukele anuncia capacitação de presos para reconstruir El Salvador após chuvas

Presos 'poderão reparar parte do dano que causaram à sociedade', disse líder salvadorenho

San Salvador | AFP

O presidente de El Salvador, Nayib Bukele, anunciou nesta sexta-feira (5) que milhares de presos, incluindo colaboradores de gangues, serão capacitados para ajudar a reconstruir o país após chuvas intensas causarem deslizamentos de terra e inundarem partes do território no mês passado.

Em uma publicação no X, ele disse que o esforço incluirá "milhares de prisioneiros não perigosos, inclusive associados a gangues, embora não sejam membros de quadrilhas em si". "[Os presos] poderão reparar parte do dano que causaram à sociedade", acrescentou Bukele.

O presidente de El Salvador, Nayib Bukele, durante cerimônia de inauguração em San Salvador - Marvin Recinos - 01.jun.2024/AFP

Na mesma rede social, o presidente postou um vídeo mostrando os presos trabalhando na construção civil, na agricultura, na confecção de roupas, no conserto de equipamentos eletrônicos, entre outros.

Durante uma transmissão feita por rádio e televisão, Bukele disse na noite de sexta que o Estado gasta "quase US$ 150 milhões" (R$ 824 milhões na cotação atual) por ano para atender o sistema prisional.

"Buscamos a autossustentabilidade dos centros penitenciários", declarou o vice-ministro da Justiça e diretor-geral dos presídios, Osiris Luna. Segundo ele, quase 48 mil presos serão treinados em diferentes áreas.

A oficina têxtil, com 5.400 detentos, deverá confeccionar 2,4 milhões de uniformes para entregar aos alunos da rede pública no próximo ano.

Outros 6.000 reclusos passarão a integrar uma empresa de construção do governo para reparar escolas, hospitais e construir estradas. O restante dos presos trabalhará em outras áreas.

No poder desde 2019, Bukele vem travando desde março de 2022 uma guerra contra as gangues que soma mais de 80 mil supostos membros dos grupos criminosos presos e se dá sob um regime de exceção.

O ponto de virada, segundo Bukele, ocorreu em março de 2022, quando criminosos assassinaram 87 pessoas em três dias, números descritos pelo líder como "uma loucura" para um país de 6 milhões de habitantes.

Após os crimes, ele pediu ao Congresso que decretasse um regime de exceção —a medida vigora há 27 meses.

As organizações de direitos humanos questionam as detenções de inocentes sob o regime de exceção e as condições de reclusão.

Com uma população carcerária que ultrapassa 111 mil presos, de acordo com ONGs humanitárias independentes, El Salvador tem 1.764 presos por 100 mil habitantes, uma das médias mais altas do mundo.

A guerra às gangues reduziu a atividade criminosa no país e favoreceu a reeleição de Bukele, que iniciou seu segundo mandato em 1º de junho.

As ações de Bukele têm inspirado líderes de outros países latino-americanos. Em junho, o governo de Honduras anunciou a construção de um megapresídio com capacidade para 20 mil detentos como "plano de solução contra o crime". Já o presidente da Argentina, Javier Milei, fechou acordo com Bukele na área de segurança pública.

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