Descrição de chapéu guerra israel-hamas Europa

Antissemitismo aumentou na Europa após início da guerra na Faixa de Gaza, diz relatório

Organizações mostram crescimento de até 400% nos incidentes de discriminação, mostra documento de agência europeia

São Paulo

Uma pesquisa da Agência dos Direitos Fundamentais (FRA, na sigla em inglês), um órgão da União Europeia com sede em Viena, mostrou que o antissemitismo aumentou no continente após o início da guerra entre Israel e Hamas na Faixa de Gaza.

A maior parte do relatório divulgado nesta quinta-feira (11) foi baseada em um questionário online disponibilizado entre janeiro e junho de 2023 e respondido por quase 8.000 judeus de 16 anos ou mais. A pesquisa foi realizada em 13 países que abrigam 96% da população judaica do bloco, de acordo com a FRA.

Mulher segura cartaz em que se lê 'Marchamos contra o antissemitismo' durante manifestação em Paris, na França - Claudia Greco - 12.nov.2023/Reuters

Os resultados mostram que 96% dos judeus no continente dizem ter sofrido antissemitismo em seu cotidiano ou na internet nos 12 meses anteriores à pesquisa. As manifestações mais comuns dizem respeito à banalização do Holocausto, à responsabilização da comunidade judaica por ações de Israel e à reprodução de estereótipos como os que acusam judeus de controlar a economia, os meios de comunicação e a política.

As informações mostram que a situação não é nova —80% dos que responderam as perguntas, aliás, disseram sentir que o antissemitismo havia crescido no país europeu onde vivem nos cinco anos anteriores à pesquisa. Dados mais recentes, porém, indicam que o cenário piorou.

Para medir o impacto do conflito, o relatório utilizou informações compiladas por 12 organizações comunitárias judaicas. "Judeus têm vivenciado mais incidentes antissemitas desde outubro de 2023, com algumas organizações relatando um aumento de mais de 400%", afirma o documento.

Na França, 74% dos judeus afirmam que o conflito alimenta um sentimento de insegurança, a taxa mais elevada entre os países pesquisados. No conjunto da Europa, a percepção afeta 62% dos judeus.

Segundo Tel Aviv, cerca de 1.200 pessoas foram mortas e mais de 250 foram sequestradas nos ataques terroristas contra Israel liderados pelo Hamas, no dia 7 de outubro. A retaliação de Israel em Gaza, por sua vez, matou mais de 38 mil pessoas, de acordo com fontes do território palestino, governado pela facção.

Este é o terceiro relatório sobre o tema —pesquisas semelhantes foram realizadas em 2013 e 2018.

Segundo o documento, 76% dos judeus europeus declararam que "ocultam ocasionalmente a sua identidade". Esse comportamento é particularmente forte na França, onde 83% dos entrevistados disseram esconder que integram a comunidade judaica.

Em 4% dos casos, os entrevistados afirmaram que sofreram agressões físicas, contra 2% na pesquisa de 2018. Além disso, 60% disseram estar insatisfeitos com os esforços dos seus governos para combater o antissemitismo.

Com Reuters e AFP

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