Descrição de chapéu guerra israel-hamas

Pai de refém do Hamas morre horas antes do resgate do filho

Almog Meir Jan ficou preso em cativeiro por oito meses e foi libertado com outros três sequestrados no sábado

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São Paulo

O pai de um dos quatro reféns libertados pelo Exército de Israel no sábado (8) morreu horas antes do resgate do filho Almog Meir Jan, 21 anos, sequestrado pelo grupo terrorista Hamas no 7 de Outubro.

De acordo com o jornal Times of Israel, a tia de Almog, Dina Jan, disse que quando soube da boa notícia, correu para a casa do irmão Yossi Jan, 57, para lhe contar e o encontrou morto.

O israelense Almog Meir Jan, 21, durante reencontro com amigos e familiares após oito meses como refém do Hamas - Exército de Israel - 8.jun.24/via Reuters

Dina contou à emissora pública Kan, no domingo, que recebeu a ligação de um oficial do Exército para informar que o sobrinho havia sido resgatado, mas que não estavam conseguindo falar com o pai de Almog. Ela diz que ficou tão feliz que correu para a casa do irmão para lhe contar a boa notícia.

"Dirigi como uma louca, bati na porta, 'Yossi, Yossi, Yossi', e nada. Não obtive resposta. A porta de sua casa estava aberta e eu o vi dormindo na sala. Gritei 'Yossi', mas ele não me respondeu. Vi a cor de sua pele, o toquei, mas ele estava morto", disse ela. "Ele morreu de tristeza."

Yossi Jan, segundo Dina, ficou isolado e perdeu 20 quilos desde o sequestro do filho. "Meu irmão não conseguiu ver seu filho de novo. Na noite anterior ao retorno de Almog, o coração do meu irmão parou."

A tia segue dizendo que a família está muito feliz com o retorno de Almog, mas que está despedaçada com a morte de Yossi. Ela conta que ele ficou grudado na televisão durante os oito meses inteiros para se agarrar a qualquer informação.

"Ele amava tanto Almog, cuidava tanto dele, queria saber o que estava acontecendo com ele e o que ele estava passando. Ele não suportava, [cada possível acordo de refém que fracassava] partia seu coração."

Noa Argamani, 26, Andrey Kozlov, 27, e Shlomi Ziv, 40, também foram resgatados no sábado em operação diurna no campo de Nuseirat, em Gaza.

O primeiro-ministro israelense, Binyamin Netanyahu, reuniu-se com os resgatados e suas famílias no Hospital Sheba em Ramat Gan, uma cidade perto de Tel Aviv, também no sábado. Segundo o premiê, Israel não cederá ao terrorismo e está operando "de forma criativa e corajosa".

"Estamos comprometidos em fazer isso também no futuro. Não desistiremos até completarmos a missão e devolvermos para casa todos os reféns —tanto os vivos como os mortos", disse Netanyahu.

O braço armado do Hamas anunciou no domingo que três reféns israelenses foram mortos, incluindo um cidadão dos EUA, durante a operação no sábado. "Em troca deles [os quatro reféns israelenses], seu próprio Exército matou três de seus próprios cativos no mesmo ataque", disse o comunicado do Hamas.

Apesar da reiterada promessa, o premiê continua sendo alvo de imensos protestos em Israel devido ao que os manifestantes chamam de má condução do país durante o conflito. Milhares de pessoas foram às ruas neste sábado em atos contra o governo. Em Tel Aviv, houve confrontos com a polícia e pelo menos 33 pessoas foram detidas.

Nos Estados Unidos, milhares de manifestantes pró-palestinos se reuniram no sábado perto da Casa Branca, em Washington, para protestar contra as políticas do presidente Joe Biden, que descrevem como muito conciliatórias com Israel. Segundo a agência de notícias AFP, eles gritavam "De Washington à Palestina, somos a linha vermelha", os manifestantes seguravam uma longa faixa com os nomes dos palestinos mortos pelo Exército israelense após oito meses de conflito.

Biden está sob duras críticas internas por parte de pessoas que acreditam que ele não está fazendo o suficiente para influenciar a forma como Tel Aviv conduz sua campanha em Gaza. Washington tem feito pressão diplomática sobre Israel, mas sem retirar seu apoio militar.

Crianças palestinas em meio a escombros de prédio destruído em Nuseirat, no centro da Faixa de Gaza - Eyad Baba - 9.jun24/AFP

O número de mortos com a operação de resgate israelense no campo de refugiados de Nuseirat, no centro de Gaza, que levou à libertação dos quatro reféns, subiu para 274, segundo o Ministério da Saúde local, controlado pelo Hamas. Os dados não podem ser averiguados de forma independente.

As Forças Armadas de Tel Aviv disseram ter conhecimento de "menos de cem" óbitos e culparam o Hamas por lutar em uma área cheia de civis.

Os corpos de 109 palestinos, incluindo 23 crianças e 11 mulheres, foram levados para o hospital dos Mártires de al-Aqsa, que também tratou mais de cem feridos, disse um porta-voz, Khalil Degran, à agência americana Associated Press.

Ele também disse que mais de cem pessoas mortas em ataques israelenses foram levadas para o hospital al-Awda, com as demais vítimas sem vida. Esse número é semelhante ao divulgado pelo gabinete de comunicação do Hamas, para os quais também não houve confirmação independente.

O total de mortos em Gaza chega a 37.084 desde o início da guerra, segundo as autoridades de saúde do território palestino.

Com AFP e Reuters

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