Ex-engenheiro da Meta acusa empresa de viés contra Gaza em processo após demissão

Ferras Hamad diz que companhia apagou mensagens internas de funcionários que mencionavam mortes de parentes na Palestina; direção não comenta episódio

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Katie Paul Jessica DiNapoli
Nova York | Reuters

Um ex-engenheiro da Meta acusou a empresa de Mark Zuckerberg de viés contra os palestinos no tratamento de conteúdo relacionado à guerra Israel-Hamas, alegando em processo que foi demitido por tentar ajudar a corrigir erros (bugs) que eliminavam postagens pró-palestinas no Instagram.

Ferras Hamad, um engenheiro palestino-americano que estava na equipe de aprendizado de máquina da Meta desde 2021, entrou na terça-feira (4) com uma ação contra a gigante das redes sociais em tribunal estadual da Califórnia por discriminação, demissão injusta e outras irregularidades na sua dispensa em fevereiro.

Em sua queixa à Justiça, Hamad acusa a Meta de deletar comunicações internas de funcionários que mencionavam as mortes de seus parentes em Gaza e de conduzir investigações sobre o uso do emoji da bandeira palestina.

Segundo o processo, a empresa não lançou investigações semelhantes para funcionários que postaram emojis das bandeiras de Israel ou da Ucrânia em contextos semelhantes. A Meta não respondeu a um pedido da Reuters para comentar as denúncias de Hamad.

A imagem mostra os logotipos da Meta, empresa anteriormente conhecida como Facebook, e do Instagram, refletidos sobre uma superfície espelhada. O logotipo da Meta é apresentado na parte superior e o do Instagram na parte inferior, ambos com um efeito de reflexo que duplica os ícones.
Smartphone e uma tela de computador exibem os logotipos do aplicativo Instagram e de sua controladora, a Meta, em Toulouse, sudoeste da França - Lionel Bonaventure - 12.jan.23/AFP

As alegações do ex-funcionário refletem críticas recorrentes de grupos de direitos humanos sobre a conduta da Meta na moderação de conteúdo postado em suas plataformas sobre Israel e os territórios palestinos.

O conflito eclodiu em Gaza depois que militantes do grupo terrorista Hamas promoveram um ataque dentro de Israel, em 7 de outubro, matando 1.200 pessoas e fazendo mais de 250 reféns, de acordo com contagens israelenses.

Tel Aviv, em resposta, lançou uma ofensiva em Gaza que matou mais de 36 mil pessoas, de acordo com autoridades palestinas de saúde, ligadas ao Hamas, o que desencadeou uma crise humanitária.

Desde o início da guerra, a Meta tem enfrentado acusações de que estaria suprimindo manifestações de apoio aos palestinos.

Cerca de 200 funcionários levantaram queixa semelhante em uma carta aberta ao presidente-executivo, Mark Zuckerberg, no início deste ano.

Hamad disse que sua demissão aparentemente decorreu de um incidente em dezembro relacionado a um procedimento de emergência para solucionar problemas graves nas plataformas da empresa, conhecido dentro da Meta como SEV ou "evento do site".

Ele afirma ter observado uma configuração que impedia conteúdo publicado nas contas de personalidades palestinas no Instagram de aparecer em buscas e feeds. Segundo Hamad, num dos casos, um vídeo curto postado pelo fotojornalista palestino Motaz Azaiza foi classificado como pornográfico, embora mostrasse um prédio destruído em Gaza.

O engenheiro disse que recebeu orientações conflitantes de outros funcionários sobre o status do SEV e questionou se estava autorizado a ajudar a resolvê-lo. Seu gerente posteriormente confirmou por escrito que o "evento do site" fazia parte de sua função no trabalho, disse ele.

No mês seguinte, depois que um representante da Meta lhe disse que Hamad era alvo de uma investigação, ele apresentou uma reclamação interna de discriminação e, dias depois, foi demitido, segundo sua queixa judicial.

O ex-funcionário afirmou que a Meta atribuiu sua demissão à suposta violação de uma política que proíbe os funcionários de trabalhar em questões com contas de pessoas que conhecem pessoalmente, referindo-se a Motaz Azaiza. Hamad afirmou que não tinha conexão pessoal com o fotojornalista.

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Comentários

Os comentários não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é do autor da mensagem.