Autoridades da Coreia do Sul afirmaram nesta segunda-feira (24) ter encontrado parasitas de fezes humanas em balões de lixo enviados por Pyongyang nas últimas semanas.
De acordo com relatório do Ministério da Unificação sul-coreano, responsável pela diplomacia com o país vizinho, uma análise do conteúdo de cerca de 70 balões achou terra na qual foram detectados "muitos parasitas, como lombrigas, tricocéfalos e vermes filiformes".
Além dos parasitas, foi encontrado também DNA humano na terra de algumas das sacolas plásticas, o que indica o provável uso de fertilizante com fezes humanas, segundo a pasta. Apesar da presença desses vermes, não há riscos de contaminação do solo nem de propagação de doenças infecciosas, de acordo com o ministério, já que o volume de terra enviado foi relativamente pequeno.
A análise também encontrou lixo que parecia ter sido coletado às pressas e roupas rasgadas que haviam sido doadas por Seul —algumas com estampas de personagens como Mickey Mouse, Ursinho Pooh e Hello Kitty.
A relação entre as duas Coreias passa por um dos seus períodos mais difíceis em anos.
Os embates mais recentes começaram no fim de maio, quando a Coreia do Norte mandou balões com lixo e esterco ao Sul. Segundo o regime, a medida foi uma reação a ativistas sul-coreanos, que costumam enviar panfletos políticos, dinheiro e remédios por meio de infláveis.
As provocações se estenderam ao longo das semanas seguintes —enquanto Pyongyang enviava mais balões, o Sul chegou a ligar alto-falantes na fronteira para transmitir propaganda política, o que Kim Yo-jong, a influente irmã do líder norte-coreano, considerou uma "guerra psicológica".
A consequência mais séria da tensão até agora foi a interrupção de um acordo militar entre as duas Coreias. No início de junho, o presidente sul-coreano, Yoon Suk-yeol, anunciou que iria suspender o texto assinado nas históricas reuniões entre os dois países em 2018.
O acordo pretendia reduzir as tensões e evitar uma escalada militar entre os dois países, em armistício desde o fim do conflito que dividiu a península, em 1953. O pacto, porém, já estava debilitado —no ano passado, Seul o suspendeu parcialmente quando a Coreia do Norte colocou um satélite espião em órbita, ao que o regime de Kim Jong-un respondeu com completo rompimento.
No dia 9 de junho, Seul anunciou a retomada de suas campanhas de propaganda por megafone ao longo da fronteira, que remontam à Guerra da Coreia. Desde o fim do conflito, ambos os países recorrem a esse tipo de estratégia de propaganda.
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