Bombardeios em campos de refugiados e próximos do Crescente Vermelho matam dezenas na Faixa de Gaza

ONG, que é o braço da Cruz Vermelha em países islâmicos, disse que mortos eram palestinos que buscavam abrigo

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São Paulo

Um bombardeio que atingiu uma área próxima à sede do Crescente Vermelho na Faixa de Gaza matou ao menos 22 pessoas que buscavam abrigo no local, disse a ONG neste sábado (22). A organização é o braço da Cruz Vermelha em países de maioria muçulmana.

Também no sábado, ataques que foram atribuídos a Israel em um campo de refugiados deixaram outros 42 mortos, de acordo com o Ministério da Saúde de Gaza, controlado pelo Hamas. Nesse caso, as informações não puderam ser verificadas de forma independente.

O Crescente Vermelho não disse de onde partiram os projéteis de artilharia, mas ataques com esse tipo de arma contra alvos em Gaza costumam ser feitos por Israel. De acordo com a organização, o bombardeio ocorreu na sexta (21), deixou também 45 feridos e danificou a sede da ONG, que estava cercada de tendas e acampamentos provisórios ocupados por palestinos que se deslocaram na guerra.

Socorrista do Crescente Vermelho carrega crianças depois de um bombardeio israelense contra casas na Faixa de Gaza - Ayman Al Hassi - 22.jun.24/Reuters

Os corpos e os feridos foram levados para um hospital, e a ONG disse que o número de vítimas ainda poderia aumentar.

"Ao disparar projéteis tão perto de estruturas humanitárias, cuja localização ambas as partes do conflito conhecem e que estão identificadas com o emblema do Crescente Vermelho, vidas de civis e de trabalhadores [da organização] são colocadas em risco. Esse grave incidente é apenas mais um de muitos nos últimos dias", disse o Comitê Internacional da Cruz Vermelha em nota.

Os outros ataques, neste sábado, atingiram o campo de refugiados de Al-Shati e teriam matado 24 palestinos. Outros 18 teriam sido mortos em disparos contra casas do bairro Al-Tuffah. As Forças Armadas israelenses confirmaram que houve uma ofensiva, mas disseram que a ação teve como alvo a "infraestrutura militar" na Faixa de Gaza.

Médicos do hospital Al-Ahli, no centro do território palestino, disseram ter recebido os corpos depois dos bombardeios, além de dezenas de feridos. Autoridades da Defesa Civil de Gaza também informaram que 19 pessoas que trabalhavam em uma fábrica em Al-Tuffah estavam desaparecidas.

Imagens obtidas pela agência de notícias Reuters mostram dezenas de palestinos correndo entre escombros de casas procurando por vítimas no campo de refugiados Al-Shati.

Desde o início do conflito atual, cujo estopim foi o ataque terrorista do Hamas em 7 de outubro que deixou 1.200 israelenses mortos, mais de 37 mil palestinos foram mortos em bombardeios israelenses na Faixa de Gaza, de acordo com o Ministério de Saúde local.

A guerra já dura mais de oito meses e deixou toda a população do território palestino em uma grave crise humanitária, com mais de 1 milhão de pessoas passando fome, de acordo com a ONU.

Palestinos ouvidos pela Reuters disseram que tanques israelenses continuam a avançar contra a cidade de Rafah, onde a maioria da população deslocada de Gaza se refugiava até o início de maio, quando Tel Aviv iniciou sua operação contra a região.

Israel também bombardeou áreas ao redor de Rafah, forçando famílias que buscavam abrigo em zonas descritas pelo próprio Exército israelense como seguras a fugir para o norte. As Forças Armadas do país dizem que realizam "ataques precisos" na cidade.

Já o Hamas disse em nota que os ataques foram direcionados contra a população civil. O grupo terrorista afirmou que "a ocupação e seus líderes nazistas pagarão o preço por suas violações" contra civis em Gaza.

Um relatório produzido pela ONU e divulgado na quarta-feira (19) apontou que Israel pode ter violado leis de guerra e cometido crimes contra a humanidade ao atacar infraestrutura civil no território palestino. O documento diz que Tel Aviv teria ignorado "sistematicamente os princípios de distinção, proporcionalidade e precauções" exigidos em tempos de guerra.

Com AFP e Reuters

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