Descrição de chapéu Guerra da Ucrânia

Aumentar arsenal nuclear da Rússia preserva equilíbrio de poder no mundo, diz Putin

Presidente discursou durante evento militar no Kremlin; país possui o maior número de bombas atômicas do planeta

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São Paulo

O presidente da Rússia, Vladimir Putin, disse nesta sexta-feira (21) que a Rússia vai continuar a desenvolver seu arsenal de armas nucleares, que é hoje o maior do mundo, com o objetivo de preservar o equilíbrio mundial entre os países.

Putin fez um discurso durante uma cerimônia de formatura de oficiais militares no Kremlin. Ele disse que seu governo continuará equipando os soldados que lutam na Guerra da Ucrânia com os equipamentos mais avançados disponíveis.

"Planejamos fortalecer a tríade nuclear para garantir nossa capacidade de dissuasão e o equilíbrio de poder no mundo", afirmou o presidente. A tríade nuclear é a capacidade de um país de lançar bombas atômicas por mar, terra e ar.

O presidente da Rússia, Vladimir Putin, durante uma cerimônia militar no Kremlin, em Moscou - Mikhail Sinitsyn - 21.jun.24/AFP

Com quase 4.500 ogivas nucleares, a Rússia possui o maior número de bombas atômicas do mundo. Esse número se divide entre 1.600 ogivas operacionais, ou seja, prontas para serem usadas, e quase 3.000 estocadas, sem contar as que estão em processo de desmonte. Em seguida vêm os Estados Unidos, com cerca de 3.600 ogivas, incluindo as estocadas.

Putin voltou a Moscou depois de visitar a Coreia do Norte e o Vietnã nos últimos dias. Na quinta-feira (20), ele advertiu a Coreia do Sul de que o país cometeria um "grande erro" se enviasse armas para a Ucrânia, e que Moscou poderia responder enviando equipamento militar para a Coreia do Norte.

Seul levantou a possibilidade de armar Kiev depois da visita de Putin a Pyongyang, onde o líder russo se encontrou com o ditador Kim Jong-un e assinou um pacto de defesa mútua com a ditadura norte-coreana. Os termos do acordo estipulam que, caso um dos países seja atacado, o outro virá ao seu socorro, e prevê mais cooperação militar.

Putin também disse durante a visita que pode fornecer mísseis de precisão para Pyongyang como retaliação pela autorização dada pelos Estados Unidos e seus aliados para que a Ucrânia use armas ocidentais contra alvos na Rússia.

Como resposta, a Coreia do Sul, apoiada diplomática e militarmente por Washington, convocou o embaixador russo para explicações e aventou a possibilidade de entregar armas à Ucrânia, que está em guerra contra a Rússia.

"Enviar armas letais para zonas de combate na Ucrânia seria um grande erro", disse Putin, em visita ao Vietnã. "Se isso acontecer, tomaremos a decisão correspondente, que não deverá agradar os líderes atuais da Coreia do Sul", acrescentou.

"Aqueles que enviam [mísseis para a Ucrânia] acham que não estão lutando contra nós, mas já disse, inclusive em Pyongyang, que nos reservamos o direito de fornecer armas a outras regiões do mundo, em relação aos nossos acordos com a Coreia do Norte, ressaltou Putin. "Não descarto essa possibilidade."

Os EUA consideraram a declaração de Putin preocupante. O Departamento de Estado ressaltou que o envio de armas russas ao país comunista asiático "poderia desestabilizar a península coreana, dependendo do tipo de arma, e violar as resoluções do Conselho de Segurança que a própria Rússia apoiou".

O Ministério das Relações Exteriores da Coreia do Sul disse que, na reunião com o embaixador russo Gueorgui Zinoviev, instou a Rússia a "agir de maneira responsável". O órgão afirmou que o apoio militar de Moscou a Pyongyang inevitavelmente traria um "impacto negativo nas relações" entre Rússia e Coreia do Sul.

De acordo com a embaixada russa, Zinoviev teria dito que "tentativas de intimidar a Rússia são inaceitáveis". "O embaixador disse que a cooperação entre [Moscou e Pyongyang] não tem como alvo nenhum outro país".

O secretário-geral da ONU, o português António Guterres, pediu na sexta que a Rússia respeite as sanções contra a Coreia do Norte aprovadas pelas Nações Unidas. Essas medidas foram adotadas em 2006, com o apoio de Moscou, depois que o regime norte-coreano testou suas primeiras armas nucleares.

As sanções da ONU contra Pyongyang são algumas das mais restritivas que o órgão internacional impõe a qualquer país do mundo. Elas proíbem a exportação para a Coreia do Norte de armas, equipamentos militares, minério de ferro e carvão, restringem o acesso ao sistema financeiro internacional, limitam fortemente a exportação de petróleo, e permitem que qualquer país intercepte e reviste navios com destino ao território norte-coreano.

Com Reuters e AFP

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