Descrição de chapéu Guerra da Ucrânia Rússia

Otan está em confronto direto com a Rússia, diz Kremlin

Chefe da aliança sugeriu uso de armas ocidentais por Kiev contra território russo; militares franceses visitarão Ucrânia

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

São Paulo

A Otan, aliança militar de 32 membros liderada pelos Estados Unidos, está envolvida diretamente em um confronto com a Rússia devido à Guerra da Ucrânia. A afirmação foi feita nesta segunda-feira (27) pelo porta-voz do Kremlin, Dmitri Peskov.

Ele criticou em entrevista ao jornal Izvestia a sugestão dada pelo secretário-geral da Otan, o norueguês Jens Stoltenberg, aos países ocidentais que fornecem armas para Kiev que permitam o emprego delas contra alvos no território legal russo.

"A Otan está aumentando o grau de escalada, flertando com retórica militar e caindo em êxtase militar", disse o porta-voz de Vladimir Putin. Questionado se havia risco de confronto direto com a Rússia, ele disse: "Eles não estão se aproximando, eles estão nele."

Romenos lançam foguete do sistema Himars, fornecido pelos EUA para a Ucrânia, em exercício no mar Negro
Romenos lançam foguete do sistema Himars, fornecido pelos EUA para a Ucrânia, em exercício no mar Negro - Daniel Mihailescu - 9.fev.2023/AFP

As declarações de Stoltenberg haviam sido publicadas na sexta (24) pela revista britânica The Economist. Em um movimento raro, ele pressionou os EUA, cujo governo é o mais reticente em escalar o envolvimento ocidental na guerra iniciada por Vladimir Putin em 2022.

O temor, explorado pelo presidente russo desde seu primeiro discurso sobre a invasão, é que uma embate direto se torne o começo da Terceira Guerra Mundial, potencialmente nuclear e catastrófica. Nas últimas semanas, Putin tem reiterado esse risco, dizendo que a Rússia está pronta para o pior.

Para críticos dessa cautela, como Stoltenberg, o russo está blefando, e a aposta tem de ser coberta. As discussões têm sido abertas: Reino Unido e Suécia já deram a autorização para o uso de suas armas contra solo russo, e o secretário de Estado dos EUA, Antony Blinken, disse que essa era uma decisão que ele não recomendaria, mas que caberia a Kiev.

Os EUA são os maiores apoiadores militares dos ucranianos, mas a ajuda engasgou neste ano devido à resistência da oposição republicana no Congresso a aprovar novos pacotes, que acabou sendo vencida. Mas o presidente Joe Biden, até aqui, evitou o envio de armas com potencial ofensivo.

Seu colega francês, Emmanuel Macron, já vinha sendo acusado por Putin por ter sugerido enviar soldados para a Ucrânia. Nesta segunda, as Forças Armadas da Ucrânia anunciaram que instrutores militares franceses farão visitas a centros de treinamento no país, sem detalhar.

Também nesta segunda, o chanceler húngaro, Peter Szijjártó, disse que seus colegas europeus querem fazer o mesmo. "É óbvio que tais ideias malucas em tempos de guerra podem ter consequências dramáticas, trágicas e extremamente perigosas. Tais declarações são perigosas mesmo em tempos de paz e, em tempos de guerra, podem facilmente tornar-se realidade", disse ele após uma reunião com seus pares da União Europeia, em Bruxelas.

A Hungria, também membro da Otan, é o país europeu mais alinhado à Rússia, com quem tem diversos laços econômicos. Szijjártó afirmou que Budapeste não dará aval ao 14º pacote de sanções europeias contra Moscou porque ele ferirá seus interesses.

Enquanto isso, em Madri, o presidente ucraniano, Volodimir Zelenski, assinou um acordo para receber o equivalente a R$ 6,3 bilhões em equipamentos militares para os ucranianos, incluindo mísseis para o sistema antiaéreo Patriot e 19 tanques Leopard-2A4.

Kiev, sob pressão em diversos pontos da frente de batalha com os russos, tem apostado cada vez mais em ataques assimétricos. Mira a especialmente vulnerável Frota do Mar Negro de Moscou e tem feito bombardeios com drones de sua produção contra refinarias, cidades e até a rede de radares contra mísseis nucleares dos rivais.

O Kremlin diz que irá atacar alvos militares de países que tiverem armas suas usadas contra alvos na Rússia, citando especificamente o Reino Unido, o que levaria o conflito que mudou a geopolítica para um território desconhecido. Para tentar se fazer ouvir, promoveu exercícios com armas nucleares táticas, de emprego em campo de batalha.

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Comentários

Os comentários não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é do autor da mensagem.