Descrição de chapéu Rússia

Kremlin critica condenação de Trump e fala em meios ilegais para eliminar rivais políticos

Republicano foi considerado culpado por fraudar documentos para encobrir pagamentos a atriz pornô nesta quinta

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Moscou | Reuters

O Kremlin criticou, nesta sexta-feira (31), o veredicto que tornou Donald Trump o primeiro ex-presidente condenado por um crime na história dos Estados Unidos. Para a Rússia, usa-se "meios legais e ilegais" para eliminar rivais políticos no país norte-americano.

"Se falarmos sobre Trump, o fato é que simplesmente há, na prática, a eliminação de rivais políticos por todos os meios possíveis, legais e ilegais, é óbvio", disse o porta-voz do Kremlin, Dmitri Peskov, em uma entrevista coletiva.

O presidente da Rússia, Vladimir Putin, durante entrevista coletiva em Tachkent, no Uzbequistão - Mikhail Metzel - 28.mai.2024/Sputnik via Reuters

Nesta quinta-feira (30), o júri de Nova York considerou o republicano culpado por fraudar documentos para encobrir pagamentos à atriz pornô Stormy Daniels e, assim, evitar que ela divulgasse ter mantido supostas relações sexuais com o então candidato às vésperas da eleição de 2016. A sentença de Trump será definida no dia 11 de julho.

Desde esse pleito, em que venceu a democrata Hillary Clinton, Trump é acusado por críticos nos EUA de apoiar o presidente russo, Vladimir Putin, que teria retribuído com interferência de hackers na eleição. Uma apuração de três anos feita pelo Departamento de Justiça dos EUA, porém, isentou a campanha do republicano de ter se aliado à Rússia para vencer a votação.

As suspeitas já foram alvo de piadas do russo.

"Apesar de eles terem acusado [Trump] de ter uma relação especial com a Rússia, o que é um completo nonsense, ele impôs sanções aos russos mais do que qualquer outro quando foi presidente", disse Putin em setembro do ano passado.

Na ocasião, ele também criticava os processos contra Trump ao dizer que os casos são fruto de perseguição política e refletiam a falência da democracia dos EUA, aparentemente devolvendo os questionamentos do Ocidente às instituições russas.

"Tudo o que acontece com Trump é perseguição política de um rival. É disso que se trata. Eu acredito que tudo isso ocorrendo agora é bom, porque mostra a podridão do sistema político americano, que não pode fingir que ensina democracia aos outros", completou.

As declarações do líder russo sobre Trump e Biden, no entanto, são ambíguas.

Em fevereiro deste ano, durante entrevista à emissora estatal Pavel Zarubin, Putin afirmou que Biden era melhor do que Trump para Moscou. "Ele é uma pessoa mais experiente e previsível, um político da velha guarda", disse o líder. Na noite daquele dia, Trump disse em um comício de campanha que a preferência de Putin por Biden era vista como um "grande elogio" por ele.

A fala de ambos chama a atenção, já que Trump parece mais afinado com Putin do que Biden.

Em 2021, por exemplo, o democrata disse que o russo era, sim, um assassino, quando questionado por um apresentador do canal ABC. Na ocasião, ele não especificou se estava se referindo ao envenenamento do opositor russo Alexei Navalni, em agosto, um ato que, segundo os EUA, teria sido cometido pelo Kremlin e que gerou sanções de Washington a sete funcionários do governo russo.

No ano seguinte, quando a Rússia invadiu a Ucrânia, o democrata intensificou as críticas a Putin. Além de definir várias rodadas de sanções contra Moscou —com apoio da União Europeia—, seu governo se tornou um dos principais financiadores de armamentos para Kiev.

Já Trump, que já criticou o envio de ajuda militar para a Ucrânia, afirmou, logo após a invasão, que Putin foi "genial" ao enviar "a força de paz mais forte" já vista pelo republicano ao país vizinho. "Putin declara uma grande área da Ucrânia (...) independente. Isso é maravilhoso", disse, em uma entrevista.

Em abril, pouco antes de a Câmara dos EUA votar um pacote de ajuda para Kiev que estava sendo barrado por republicanos da Casa, o ex-presidente recuou ao afirmar que a sobrevivência da Ucrânia é importante para Washington.

"Como todos concordam, a sobrevivência e a força da Ucrânia deveriam ser muito mais importantes para a Europa do que para nós, mas também são importantes para nós", disse ele, ao instar os países europeus a destinar mais recursos a Kiev.

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