Descrição de chapéu guerra israel-hamas

PF prende suspeito de mapear pessoas no Brasil para Hezbollah

Homem é o terceiro alvo de prisão em investigação sobre recrutamento de brasileiros para ações terroristas

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Brasília

A Polícia Federal prendeu no domingo (12) um terceiro homem suspeito de atuar no Brasil para o grupo extremista Hezbollah.

A identidade não foi divulgada. A Folha apurou que ele foi detido no Rio de Janeiro e é um dos suspeitos de ter sido recrutado pelo grupo libanês para ações de logística e levantamento de pessoas e endereços em território brasileiro.

Guardas seguram fotos do aiatolá Ruhollah Khomeini, do atual líder supremo iraniano, Ali Khamenei, e do chefe do Hezbollah, Hassan Nasrallah, durante funeral no Líbano
Guardas seguram fotos do aiatolá Ruhollah Khomeini, do atual líder supremo iraniano, Ali Khamenei, e do chefe do Hezbollah, Hassan Nasrallah, durante funeral no Líbano - Ahmad AL-Rubaye - 6.nov.2023/AFP

O suspeito, segundo pessoas próximas à investigação, responde a processos na Justiça e viajou para o Líbano nos últimos anos. Também no domingo, o Fantástico, da TV Globo, mostrou que o principal alvo da investigação é o sírio naturalizado brasileiro chamado Mohamad Khir Abdulmajid.

De acordo com a reportagem, ele é procurado pela Interpol e chegou em 2008 ao Brasil. O Fantástico também aponta Abdulmajid como proprietário de duas lojas de produtos para tabacaria em Belo Horizonte.

Um dos investigados por supostamente ter sido recrutado pelo Hezbollah, ainda segundo a reportagem, disse que Abdulmajid se parece com uma pessoa que teria encontrado no Líbano durante sua ida ao país.

Todos são investigados na operação Trapiche que, na última quarta-feira (8), fez uma série de diligências para avançar na apuração sobre a atuação do Hezbollah no recrutamento de brasileiros para atos preparatórios de terrorismo.

Uma das linhas de apuração da PF indica que o grupo planejava ataques a prédios da comunidade judaica no Brasil.

Além do preso no Rio neste domingo (12), dois homens foram detidos e outros dois que estariam no Líbano tiveram seus nomes incluídos na difusão vermelha da Interpol, o canal de foragidos da polícia internacional.

Na sexta (10), em continuidade à investigação, a PF cumpriu mais um mandado de busca e apreensão contra um brasileiro residente em Goiás.

Como mostrou a Folha, um dos investigados disse em depoimento que recebeu cerca de R$ 2.200 para viajar ao Líbano em abril deste ano. Segundo sua versão, ele foi orientado, por meio do WhatsApp de um número paraguaio, a ir a Beirute para um encontro.

Ele alegou que não sabia para que tipo de trabalho estava sendo chamado e que só descobriu isso na capital libanesa, onde foi entrevistado pelo que seria o "chefe" de um grupo extremista. Só quando voltou da viagem ele concluiu que poderia ser o Hezbollah.

O investigado que esteve no Líbano disse à PF não saber o nome de quem o recrutou no Brasil, dando apenas algumas características do homem: branco, aproximadamente 1,87m, cerca de 42 anos de idade, cabelos castanhos bem claros, nariz grande, magro e barba clara, de acordo com a sua descrição. O encontro para receber o dinheiro teria ocorrido na estação de trem do Brás, em São Paulo.

Ele também deu a sua versão de como foram os dias em Beirute e de como se deu o contato com o grupo extremista. Afirmou ter sido levado até um beco, próximo a um campo de futebol, e colocado em um veículo de cortina preta que o levou até um prédio.

No local, segundo falou à PF, homens armados vestidos de preto o conduziram até uma "sala de entrevista". Ali, um suposto "chefe" o aguardava acompanhado de um segurança, que deixou o local logo em seguida e foi substituído por um tradutor.

No encontro, o suposto chefe teria dito ao brasileiro que o trabalho para o qual ele havia sido procurado "não era limpo" e que precisava de "gente capaz de matar e sequestrar". Ele, então, teria desconversado e dado a entender que não teria capacidade de fazer o que havia sido solicitado.

"O declarante olhou para o chefe e falou claramente: eu não sou a pessoa certa para realizar este serviço. E afirmou que não queria desperdiçar o tempo deles", segundo o relato à PF.

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