Justiça condena à morte autor de ataque mais mortal contra judeus nos EUA

Robert Bowers assassinou a tiros 11 pessoas em sinagoga de Pittsburgh, na Pensilvânia, em 2018

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São Paulo

A Justiça americana condenou à morte nesta quarta-feira (2) Robert Bowers, 50, o atirador que matou 11 pessoas numa sinagoga de Pittsburgh em 2018, no ataque mais mortal a judeus nos Estados Unidos.

Os 12 membros do júri votaram a favor da pena capital. Bowers foi considerado culpado de 63 acusações, incluindo 11 relacionadas à obstrução do livre exercício de crenças religiosas e que resultaram em morte.

Robert Bowers, autor de massacre contra judeus que foi condenado à morte
Robert Bowers, autor de massacre contra judeus que foi condenado à morte - AFP

Há duas semanas, os juízes consideraram Bowers elegível para a pena de morte. A acusação apresentou na primeira fase do julgamento 60 testemunhas para provar que o criminoso agiu por ódio aos judeus —as investigações mostraram que ele publicou mensagens antissemitas na internet antes do massacre.

Em outubro de 2018, Bowers entrou na sinagoga Tree of Life (árvore da vida, em inglês) e atirou enquanto expressava seu ódio pelo povo judeu. As declarações continuaram durante o tiroteio com a polícia. Segundo a promotoria, o homem disse a um policial: "Eles estão cometendo genocídio contra meu povo. Eu só quero matar judeus".

O atirador estava armado com um fuzil AR-15 e três pistolas durante o ataque, que durou 20 minutos. Além dos 11 mortos, outras seis pessoas ficaram feridas. À época, o massacre aumentou o debate sobre a retórica do então presidente americano, Donald Trump, que, segundo críticos, encorajou o extremismo de direita.

A administração Trump rejeitou a acusação, mas um grupo de líderes judeus disse ao republicano em uma carta que ele não era "bem-vindo em Pittsburgh até que denunciasse totalmente o nacionalismo branco". Mesmo assim, o então presidente decidiu visitar a sinagoga, onde foi recebido com protestos.

Os advogados de defesa não contestaram que Bowers planejou e executou o massacre, mas argumentaram que ele sofria de esquizofrenia e que estava em surto psicótico no momento dos crimes.

O júri passou cerca de dez horas deliberando sobre o assunto nos últimos dois dias, segundo o jornal americano The New York Times. O juiz distrital Robert Colville deve sentenciar formalmente Bowers à morte nesta quinta (3), em audiência com a presença de alguns parentes das vítimas.

"Nunca superaremos a perda de nossa amada Rose Mallinger, mas agora sentimos que a justiça foi em parte feita", disse em comunicado a família de uma das vítimas.

Membros de três congregações morreram na sinagoga, incluindo oito homens e três mulheres. Desde 2019, o promotor federal de Pittsburgh havia avisado que buscaria a pena de morte contra o assassino, destacando sua "ausência de remorso" e "seu ódio e desprezo" por judeus.

Cerca de seis milhões de judeus viviam nos Estados Unidos em 2021, de acordo com um estudo do Pew Research Center. Segundo a Liga Antidifamação, em 2022 foram registrados 3.697 atos de assédio, vandalismo e agressão contra a comunidade, uma alta de 36% em relação ao ano anterior e a maior quantidade de casos desde que começaram os registros, em 1979.

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