Candidatos republicanos que ecoavam alegações falsas sobre fraudes nas eleições que alçaram Joe Biden à Presidência dos EUA há dois anos foram derrotados em disputas estaduais para o cargo de secretário de Estado —figura responsável, entre outras coisas, por organizar localmente as eleições presidenciais.
A derrota mais recente ocorreu em Nevada, onde projeções mostram que o republicano Jim Marchant perdeu para o democrata Cisco Aguilar. Marchant, ex-deputado estadual, disse durante a campanha que, se ele e outros secretários de Estado com ideias semelhantes fossem eleitos, Donald Trump voltaria à Casa Branca em 2024.
Ele era favorito na disputa pelo cargo e havia dito que, se fosse secretário de Estado em 2020, não teria confirmado a vitória de Biden em Nevada. Após eleito, Cisco Aguilar disse que sua vitória é mais uma prova de que os americanos estão fartos do negacionismo eleitoral.
Em linha semelhante, o líder da maioria democrata no Senado, Chuck Schumer, afirmou neste domingo (13) que seu partido venceu porque eleitores estão cansados da retórica política violenta de membros do Partido Republicano. "Estávamos à beira de uma autocracia, mas o povo americano nos puxou de volta."
Outras derrotas de negacionistas eleitorais foram registradas no Arizona, no Novo México e em Michigan. No primeiro, o democrata Adrian Fontes derrotou o republicano Mark Finchem, que participou de uma marcha em 6 de janeiro de 2021 que antecedeu a invasão do Capitólio, sede do Legislativo americano, no maior ataque recente à democracia do país.
Já em Michigan, a democrata Jocelyn Benson foi reeleita secretária de Estado, derrotando a negacionista Kristina Karamo. "Esta é uma vitória da verdade, dos fatos e da democracia", escreveu ela em uma rede social. "Assim como em 2020, a democracia prevaleceu em 2022 contra aqueles que tentam desestabilizá-la de dentro."
Na contramão, porém, o estado de Indiana —já tradicionalmente republicano— viu triunfar o negacionismo eleitoral com a vitória do republicano Diego Morales contra a democrata Destiny Wells.
Ao todo, 27 vagas de secretário de Estado estadual eram disputadas nas midterms, as eleições de meio de mandato dos EUA que ocorreram na última terça-feira (8). O pleito também renovou 35 das cem cadeiras do Senado, todos os 435 assentos da Câmara, 36 governos estaduais e 30 vagas de procurador-geral estadual.
O cargo de secretário de Estado estadual tem grande relevância, uma vez que nos EUA não há uma autoridade federal que define as regras do pleito, como ocorre no Brasil com o TSE (Tribunal Superior Eleitoral). Assim, cabe aos secretários de Estado estaduais definirem os detalhes.
O papel da Comissão Federal de Eleições acaba restrito à fiscalização das contas de campanha, com o esquema de votação definido pelos estados —e podendo variar drasticamente de um lugar a outro.
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