O primeiro-ministro Boris Johnson, do Reino Unido, afirmou nesta quarta-feira (15) estar profundamente preocupado com o desaparecimento do jornalista britânico Dom Phillips na floresta amazônica. O britânico disse que seu governo está trabalhando com as autoridades brasileiras na investigação do caso.
"Como todos nesta Casa [dos Comuns], estamos profundamente preocupados com o que pode ter acontecido com ele. Funcionários do escritório de relações exteriores estão trabalhando junto às autoridades brasileiras", disse o premiê durante um discurso ao Parlamento. "Dissemos aos brasileiros que seguimos prontos para oferecer toda a ajuda que eles possam necessitar."
A fala de Boris foi uma resposta a uma solicitação da parlamentar e ex-primeira-ministra Theresa May. Ela pediu ao premiê que "torne o caso uma prioridade diplomática e faça todo o possível para que as autoridades brasileiras coloquem os recursos necessários para descobrir a verdade sobre o que aconteceu com Dom e Bruno".
O desaparecimento do jornalista Dom Phillips, 57, e do indigenista Bruno Pereira, 41, na terra indígena Vale do Javari, no Amazonas, que completa dez dias nesta quarta-feira (15), mobilizou a sociedade civil e ganhou repercussão internacional. Dois irmãos foram presos suspeitos de participação no desaparecimento até aqui. O primeiro foi o pescador Amarildo Oliveira, o Pelado, que foi preso no dia 7. Nesta terça (14), Oseney da Costa de Oliveira, o Dos Santos, também foi detido.
Na sexta (10), a Polícia Federal divulgou ter encontrado o que podem ser vestígios de material genético humano na região do rio Itaquaí, último lugar onde ambos foram vistos. O resultado ainda não foi divulgado. Dois dias depois, bombeiros encontraram submersos no rio uma mochila e objetos pessoais que a PF confirmou pertencerem a Phillips e Pereira. As Forças Armadas, as forças de segurança do Amazonas e a PF seguem nas buscas pelos desaparecidos.
Dom Phillips é um jornalista britânico que se mudou para o Brasil em 2007. Ele trabalhou muitos anos como freelancer para o jornal britânico The Guardian e também escreveu para outros veículos internacionais, como The Washington Post, The New York Times, Financial Times e The Intercept.
Bruno Pereira é servidor de carreira da Funai (Fundação Nacional do Índio) desde 2010, mas pediu licença após ser exonerado da Coordenação Geral de Índios Isolados e Recém-Contatados, em outubro de 2019.
Desaparecidos desde o dia 5, eles faziam uma viagem pelo Vale do Javari, segunda maior terra indígena do país, com 8,5 milhões de hectares, no extremo oeste do Amazonas, quando foram vistos pela última vez. A área tem sido frequentemente invadida por garimpeiros, madeireiros, caçadores e pescadores.
A ação de narcotraficantes também tem crescido no território, que fica na fronteira com o Peru e a Colômbia. Entidades de defesa dos povos indígenas também denunciaram oito episódios de violência armada nos últimos anos contra a base de proteção Ituí-Itaquaí, próxima ao local do desaparecimento.
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