Descrição de chapéu União Europeia

Dados iniciais indicam menor comparecimento às urnas na França em 20 anos

Até as 17h locais (12h em Brasília), 65% dos eleitores haviam depositado seus votos

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

São Paulo

Franceses têm ido às urnas neste domingo (10), no primeiro turno das eleições presidenciais, em quantidade menor que em pleitos registrados nos últimos 20 anos. No país, o voto não é obrigatório.

Até as 17h pelo horário local (12h em Brasília), apenas 65% dos eleitores haviam depositado seus votos, de acordo com balanço parcial divulgado pelo Ministério do Interior da França.

Macron deposita cédula em urna
O presidente Emmanuel Macron vota em Le Touquet, no primeiro turno das eleições presidenciais francesas - Thibault Camus/Reuters

Em 2017, quando o presidente Emmanuel Macron conquistou seu primeiro mandato, a taxa foi de 69,42%. A participação às 17h também era mais alta em pleitos anteriores em 2012 (70,59%) e 2007 (73,63%).​

O comparecimento às urnas neste domingo só não é menor do que o registrado em 2002, quando a taxa às 17h foi de 58,45%. As urnas ficam abertas das 8h às 20h (3h às 15h em Brasília).

O ano de 2002 é o exemplo das surpresas que podem sair do primeiro turno. Na ocasião, o ultradireitista Jean-Marie Le Pen, pai de Marine Le Pen, rival de Macron nesta eleição, contrariou todos os prognósticos e chegou ao segundo turno contra o conservador Jacques Chirac, que acabou se reelegendo.

Cerca de 48,7 milhões de eleitores estão habilitados a eleger um dos 12 candidatos à Presidência, e os resultados serão conhecidos a partir das 20h locais (15h em Brasília), quando as últimas seções fecharão.

Apoiadores de Macron, que lidera as pesquisas de intenção de voto, temem que uma baixa participação seja utilizada por opositores para questionar a legitimidade de uma vitória do presidente centrista.

Sondagens têm indicado que ele deverá disputar o segundo turno, no dia 24, contra a ultradireitista Le Pen e que a distância entre os dois candidatos encurtou nas últimas semanas da campanha.

Pesquisa Ipsos divulgada na sexta (8) mostrou o presidente com 26,5% das intenções de voto, à frente de Le Pen, com 23%. A diferença entre eles, que chegou a ser de 16 pontos percentuais, caiu em um mês para 3,5. Em terceiro lugar está Jean-Luc Mélenchon, da ultraesquerda, com 16,5%.

Em um eventual segundo turno, Macron venceria Le Pen por 53% a 47%.

O pleito é considerado sem igual no histórico recente francês pelo contexto que o precede. Diferentemente das disputas anteriores, que durante meses ocupavam espaço no debate público, a eleição de agora foi ofuscada primeiro pela pandemia de coronavírus e nas últimas semanas pela guerra na Ucrânia.

O início do conflito impulsionou o candidato do A República em Marcha (LREM), que jogou a cartada da mediação entre Kiev e Moscou e da estabilidade de um presidente pró-europeu que atravessou diversas crises: protestos sociais, Covid e agora os efeitos da ofensiva russa na Ucrânia.

Já a adversária, do Reunião Nacional (RN), apostou no perfil de defensora do poder aquisitivo e das classes populares, diante de um Macron pintado como "presidente dos ricos". As propostas de Le Pen na área internacional, no entanto, geram temores sobre mudanças nas alianças internacionais da França.

A candidata propõe, entre outros pontos, abandonar o comando integrado da Otan, órgão da Aliança Atlântica que determina a estratégia militar, e uma vitória da ultradireitista representaria, ainda, um novo revés para a União Europeia (UE), após a reeleição do primeiro-ministro húngaro, Viktor Orbán.

Se, por um lado, ela manteve propostas tradicionais da ultradireita em seu programa, como reservar ajuda social apenas aos franceses, por outro suavizou o discurso para tentar capitalizar o descontentamento social com Macron. Seu adversário da ultradireita, Éric Zemmour, a ajudou a parecer menos radical.

Dos dez candidatos restantes, Mélenchon é o único com chance de impedir que Macron ou Le Pen passem para o segundo turno, reforçado por sua imagem de "voto útil" de uma esquerda pulverizada.

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Tópicos relacionados

Leia tudo sobre o tema e siga:

Comentários

Os comentários não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é do autor da mensagem.