Trump recorre à Justiça para bloquear acesso a documentos sobre ataque ao Capitólio

Ex-presidente havia solicitado a obstrução a Joe Biden, mas pedido foi negado

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Florianópolis

Após uma tentativa sem sucesso de bloquear o acesso a documentos requeridos por uma comissão de congressistas que investiga o ataque ao Capitólio, em 6 de janeiro, o ex-presidente Donald Trump recorreu à Justiça e abriu um processo contra o comitê nesta segunda-feira (18).

Segundo o republicano, o pedido é “ilegal, infundado e vago”. Na ação, aberta na corte do Distrito de Columbia, Trump alega que os materiais visados pelo comitê estão protegidos por uma doutrina legal chamada “privilégio executivo”, que preserva a confidencialidade de certos registros da Casa Branca.

Apoiadores de Trump invadem Capitólio durante sessão para certificar vitória de Biden na eleição presidencial dos EUA
Apoiadores de Trump invadem Capitólio durante sessão para certificar vitória de Biden na eleição presidencial dos EUA - Shannon Stapleton - 6.jan.21/Reuters

O argumento de tal privilégio foi usado pelo ex-presidente em um pedido formal barrado pelo atual líder americano, Joe Biden, no início do mês. A medida permite ao presidente impedir a divulgação de determinadas informações ao Legislativo, ao Judiciário ou mesmo à população.

De acordo com a Casa Branca, porém, Biden determinou que a reivindicação desse recurso não atendia “aos melhores interesses dos EUA". Jen Psaki, porta-voz da Presidência, explicou à época que Biden deu autorização para que o Arquivo Nacional, agência do governo que mantém registros das atividades presidenciais, entregue um lote de documentos solicitados pelos deputados que investigam o ataque.

Trump tentou impedir que a comissão tivesse acesso a cerca de 50 documentos sobre ações suas e de seus aliados durante o ataque de 6 de janeiro, duas semanas antes da posse de Biden. Nessa data, que entrou para a história americana como um dos maiores atentados contra a democracia do país, os congressistas estavam reunidos para certificar a vitória do democrata nas eleições presidenciais.

Como não obteve sucesso, o republicano agora busca um bloqueio concedido pela Justiça americana.

Quando ainda ocupava a Casa Branca, Trump usou o privilégio executivo em situações controversas. Em 2018, impediu que senadores tivessem acesso a mais de 100 mil páginas de registros da época em que o juiz Brett Kavanaugh, seu indicado para a Suprema Corte, trabalhava para o governo de George W. Bush.

Em outra ocasião, em 2019, vetou a entrega ao Congresso de um relatório que investigava a suspeita de que a Rússia teria interferido em seu favor na campanha eleitoral de 2016.

Ainda dentro da investigação do comitê sobre a invasão do Capitólio, Steve Bannon, ex-estrategista da campanha de Trump, informou que não acataria a intimação emitida no mês passado para depor.

Segundo seu advogado, Robert Costello, a recusa se baseia justamente na alegação de que Trump poderia invocar o privilégio executivo para impedir o testemunho de Bannon —o recurso também pode ser utilizado para proteger a confidencialidade de comunicações entre funcionários da Casa Branca.

Na última semana, o comitê anunciou que iria fazer uma solicitação formal ao Departamento de Justiça americano para apresentar acusações criminais contra Bannon por ter desafiado a intimação.​

Pelo menos outras três figuras próximas a Trump estão sendo investigadas pelo comitê de deputados: Mark Meadows, que foi chefe de gabinete, Kash Patel, ex-assessor de Segurança Nacional, e Dan Scavino, diretor de mídia social da Casa Branca na gestão republicana.

Além de estremecer as bases das instituições democráticas dos EUA, a invasão do Capitólio, arquitetada por uma multidão de apoiadores insuflados pelo discurso falacioso de Trump acerca de uma suposta fraude nas eleições, deixou cinco mortos e feriu 140 policiais.

Desde então, mais de 600 pessoas enfrentam acusações criminais em decorrência das ações.

Com Reuters

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