A procuradora-geral de Nova York, Letitia James, 63, responsável por supervisionar o inquérito que investigou assédios sexuais cometidos pelo ex-governador Andrew Cuomo, afirmou nesta sexta-feira (29) que vai concorrer às primárias do Partido Democrata para o governo do estado.
O anúncio ocorre um dia após Cuomo, 63, tornar-se alvo de uma acusação criminal de contravenção sexual por ter apalpado uma ex-funcionária. Meses antes, em agosto, o democrata renunciou ao cargo, pressionado por membros do próprio partido e pela possibilidade de um processo de impeachment.
James deve disputar as primárias democratas com Kathy Hochul, 63, vice de Cuomo que assumiu o governo de Nova York após a renúncia do governador, tornando-se a primeira mulher a ocupar o posto.
Em um cenário em que vencesse a disputa interna e a corrida eleitoral, a hoje procuradora-geral, primeira mulher negra eleita para um cargo estadual, também viraria a primeira governadora negra dos EUA.
"Estou concorrendo ao cargo de governadora de Nova York porque tenho experiência, visão e coragem para enfrentar os poderosos em nome de todos os nova-iorquinos", escreveu em uma rede social ao anunciar a candidatura. Junto, publicou um vídeo no qual, entre outras coisas, James diz que processou a administração do ex-presidente Donald Trump 76 vezes. "Mas quem está contando?", pergunta.
Como procuradora-geral, James se tornou conhecida por enfrentar figuras e grupos políticos de destaque. No último ano, moveu uma ação para dissolver a NRA (Associação Nacional do Rifle, na sigla em inglês), grupo mais poderoso de lobby de armas nos EUA.
Ela também lidera investigações que examinam se a Organização Trump inflou os valores de propriedades para obter empréstimos mais vantajosos e se baixou seus valores para conseguir isenções fiscais.
Na última grande ação liderada pela procuradora, foi concluído que Cuomo assediou sexualmente 11 mulheres e violou leis estaduais e federais enquanto criava um "clima de medo" no ambiente de trabalho.
Na quarta (27), o jornal americano The New York Times antecipou que o gabinete de James vinha procurando diferentes lideranças democráticas em busca de apoio para o anúncio da candidatura.
De acordo com o veículo, James dá o pontapé inicial com o apoio de alguns dos maiores sindicatos de empregados dos setores público e privado de Nova York. Ao concorrer em uma disputa sem garantias de vitória, James, que nasceu e foi criada no bairro do Brooklyn, abriria mão de uma posição segura.
A apuração do New York Times revelou que alguns democratas preferiam que ela permanecesse como procuradora-geral para dar seguimento a casos de interesse do partido, em especial os que envolvem Trump e os negócios de sua família.
É improvável que apenas ela e a governadora Kathy Hochul disputem as primárias. O atual prefeito de Nova York, Bill de Blasio, e o defensor público Jumaane D. Williams devem anunciar candidaturas.
Williams, um homem negro e também do Brooklin, poderia disputar a mesma base de eleitores de James, a ala mais à esquerda do Partido Democrata. O deputado Thomas Suozzi também considera disputar a corrida, assim como Steven Bellone, executivo do condado de Suffolk.
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