O governo de Joe Biden confirmou oficialmente, neste domingo (22), que vai obrigar a cessão, por companhias aéreas civis americanas, de aviões comerciais para ajudar no transporte de pessoas que já conseguiram sair do Afeganistão.
De acordo com o Pentágono, 18 aeronaves, de seis empresas (United Airlines, American Airlines, Atlas Air, Delta Air Lines, Omni Air e Hawaiian Airlines), vão resgatar refugiados e aliados que foram levados a bases americanas em países do Oriente Médio —a primeira parada dessas pessoas após saírem do Afeganistão.
Os voos, portanto, servirão para transportar essas pessoas das bases no Bahrein, no Qatar e nos Emirados Árabes Unidos para países da Europa e de lá para os EUA. Não estão previstas aterrissagens na capital afegã, Cabul, devido às difíceis condições de acesso ao aeroporto a ao risco para voos comerciais por lá.
John Kirby, porta-voz do Pentágono, afirmou em comunicado que a cessão das aeronaves não deve ter grande impacto na operação comercial das empresas e reforçou que este é o estágio 1 do programa —sugerindo que mais aeronaves comerciais podem ser ativadas mais tarde. Segundo o jornal The New York Times, a operação com os aviões comerciais deve ser iniciada nesta segunda (23) ou na terça (24). A American Airlines e a Delta confirmaram que começarão os voos de socorro na segunda.
A medida reflete a dificuldade de Washington em realizar a retirada de cidadãos americanos e afegãos aliados em risco após a rápida tomada de controle pelo Talibã, marcando a terceira vez que os militares dos EUA empregam aeronaves civis. A Frota Aérea da Reserva Civil, como é chamada, foi acionada pela primeira vez durante a Guerra do Golfo, em 1990, e depois na invasão do Iraque, em 2002. Ela foi criada em 1952, na esteira do transporte aéreo de Berlim após a Segunda Guerra Mundial.
Os EUA já retiraram 17 mil pessoas do Afeganistão desde que o grupo fundamentalista islâmico assumiu o poder, há uma semana, e as bases do país correm o risco de lotarem. Os evacuados estão sendo enviados para uma dezena de países fora do Afeganistão, na Europa, no Oriente Médio e na Ásia Central.
A Delta informou que suas operações comerciais não serão afetadas, enquanto a American disse que vai tentar minimizar o impacto, pois a companhia removerá as aeronaves de suas operações regulares. A United, por sua vez, afirmou que ainda está avaliando o impacto, mas espera que seja "mínimo".
A Atlas Air, que transportará os refugiados para os EUA, afirmou estar "de prontidão caso seja necessária capacidade adicional." O número limitado de aeronaves é apenas um dos problemas enfrentados pela operação de retirada de pessoas. Também há a preocupação crescente com a segurança em Cabul, onde cerca de 5.800 soldados protegem o aeroporto.
Os EUA e outros países, incluindo o Reino Unido, mobilizaram milhares de soldados para administrar o resgate de cidadãos estrangeiros e afegãos vulneráveis, mas permaneceram longe de áreas fora do aeroporto de Cabul.
Na semana passada, os militares dos EUA usaram helicópteros militares para resgatar 169 americanos em um prédio a 200 metros de distância. As autoridades dizem que esse tipo de operação deve continuar.
Nas últimas 24 horas, cerca de 3.900 pessoas foram evacuadas de Cabul em 35 aeronaves de uma coalizão de companhias aéreas comerciais, e outras 3.900 em 23 voos militares dos EUA, de acordo com a Casa Branca. Ao todo, cerca de 25.100 pessoas foram retiradas do país desde 14 de agosto.
No sábado, uma afegã deu à luz a bordo de uma aeronave militar que chegava à Alemanha. Durante um voo a partir de uma base no Oriente Médio, a mãe entrou em trabalho de parto e começou a ter complicações. O comandante da aeronave decidiu então descer em altitude para aumentar a pressão do ar na aeronave, o que ajudou a estabilizar e salvar a vida da mulher. Ela foi socorrida na chegada ao país e levada, junto à bebê, para um hospital. Ambas estão bem.
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