A OMS (Organização Mundial da Saúde) afirmou nesta terça (30) que a China não deu acesso pleno aos dados para a equipe do órgão que foi ao país investigar a origem da pandemia de coronavírus. Em resposta, os Estados Unidos, a União Europeia e mais países exortaram Pequim a mudar de postura.
"Nos unimos para expressar preocupações comuns. O estudo teve atraso significativo e falta de acesso a dados completos e originais, além de amostras", diz o comunicado, assinado por Austrália, Canadá, Coreia do Sul, Dinamarca, Eslovênia, EUA, Estônia, Israel, Japão, Letônia, Lituânia, Noruega, Reino Unido e República Tcheca.
"Há um segundo estágio neste processo, que acreditamos que deveria ser liderado por especialistas independentes e internacionais. Eles devem ter acesso livre aos dados e poderem fazer perguntas às pessoas que estão em campo. É um passo que a OMS deve tomar", disse Jen Psaki, secretária de imprensa da Casa Branca.
A União Europeia também pediu mais análises. Walter Stevens, embaixador da UE para a ONU, defendeu mais estudos, com "acesso a lugares relevantes e a todos os dados disponíveis sobre humanos, animais e ambientes" que tenham relação com o tema.
Em janeiro e fevereiro, a OMS enviou uma equipe de especialistas a Wuhan, na China, onde a Covid-19 foi detectada pela primeira vez, para investigar a origem do coronavírus.
Nesta terça, Tedros Adhanom, diretor da OMS, disse que os enviados não tiveram acesso pleno aos dados e defendeu que novas investigações sejam feitas. No relatório final, os especialistas apontam que o vírus provavelmente foi transmitido de morcegos para humanos por meio de outro animal, não identificado. A possibilidade de que o vírus tenha sido criado em laboratório foi considerada "extremamente improvável".
Um dos investigadores já havia dito que a China não deu acesso completo aos dados sobre os primeiros casos de Covid-19, o que dificulta precisar a origem da doença. Como o relatório da OMS foi inconclusivo, a dúvida segue presente e gera pressão para que a China revele mais informações.
Peter Ben Embarek, líder da equipe da OMS que foi até a China, disse que é perfeitamente possível que o coronavírus já estivesse circulando em outubro ou novembro de 2019 e que tenha se espalhado para o exterior antes do que se pensava. Embarek afirmou também que sua equipe sentiu pressões políticas, mas que não foi coagida a remover nenhuma informação do relatório final.
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