Após o presidente dos EUA, Donald Trump, anunciar que pretende nomear uma mulher ainda nesta semana para a vaga de Ruth Bader Ginsburg na Suprema Corte, duas senadoras republicanas se manifestaram contra uma indicação antes da eleição de 3 de novembro.
Neste domingo (20), Lisa Murkowski, representante do Alasca no Senado americano, afirmou em comunicado que deve ser adotado o mesmo padrão de 2016, quando a Casa se recusou a aceitar indicação do então presidente, Barack Obama, a dez meses do pleito.
“Estamos agora ainda mais perto da eleição de 2020 —a menos de dois meses—, e acredito que o mesmo padrão deve ser adotado.”
No sábado, outra republicana, Susan Collins, senadora pelo Maine, também havia se posicionado contra uma nomeação neste momento. O líder da maioria da Casa, Mitch McConnell, porém, afirmou em comunicado que levaria adiante uma indicação de Trump, mantendo a promessa de “apoiar sua [do presidente] agenda, em especial suas excepcionais nomeações para o Judiciário federal”.
Outros senadores republicanos, que rejeitaram a nomeação de Obama há quatro anos, têm rebatido as acusações de hipocrisia.
“O que estamos propondo é completamente consistente com o precedente”, afirmou John Barrasso, eleito por Wyoming, à emissora de TV NBC. Já Tom Cotton, do Arkansas, disse à Fox News que “a maioria do Senado está cumprindo nosso dever constitucional e o mandato que os eleitores nos deram em 2016 e 2018”.
No cenário atual, os democratas têm poucas chances de bloquear a escolha de Trump, pois são minoria no Senado (45 das 100 cadeiras).
O rival do republicano na disputa presidencial, o democrata Joe Biden, fez um apelo aos republicanos neste domingo e pediu para que não realizassem nenhuma votação antes de novembro. O ex-vice de Obama também atacou a intenção de Trump, de realizar a indicação o quanto antes, chamando-a “exercício de poder político puro”.
“Os eleitores deste país deveriam ser ouvidos. São eles que esta Constituição prevê que devem decidir quem tem o poder de fazer essa nomeação”, afirmou Biden, na Filadélfia. O democrata disse ainda que, se eleito, ele deveria ter a chance de fazer a indicação à Suprema Corte.
Segundo uma pesquisa realizada por Reuters e Ipsos neste sábado e domingo, 62% dos americanos concordavam que a indicação deveria ser feita pelo vencedor da eleição presidencial, enquanto 23% disseram ser contra.
Ginsburg morreu na noite de sexta-feira (18), aos 87 anos, de complicações de câncer pancreático após atuar por 27 anos no tribunal.
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