A Casa Branca condenou nesta sexta-feira (31) a decisão de Hong Kong de adiar as eleições legislativas marcadas para setembro, afirmando que se trata do mais recente exemplo de Pequim minando a democracia no território semiautônomo.
O posicionamento do governo dos EUA acontece um dia depois de o presidente Donald Trump defender o adiamento das eleições americanas.
"Esta ação corrói os processos democráticos e as liberdades que sustentaram a prosperidade de Hong Kong", disse a repórteres a porta-voz da Casa Branca, Kayleigh McEnany.
"Esta é apenas a mais recente de uma lista crescente de promessas não cumpridas por Pequim, que se comprometeu a preservar a autonomia e as liberdades do povo de Hong Kong até 2047 ao assinar a declaração conjunta sino-britânica."
Marcado para a primeira semana de setembro deste ano, o pleito agora foi agendado para setembro de 2021. A justificativa do governo local é o risco de contaminação pelo coronavírus, mas ativistas pró-democracia veem a decisão como resultado da interferência chinesa.
Em uma publicação no Twitter na quinta-feira (30), o líder republicano afirmou, sem apresentar provas, que a votação universal pelos correios poderia fazer do pleito "a eleição mais imprecisa e fraudulenta da história" e um "grande embaraço para os EUA".
Ele sugeriu um adiamento para que as pessoas possam votar "de maneira adequada, segura e protegida", mas a retórica soa como uma nova escalada da vacina produzida por quem sabe que está em situação eleitoral bastante difícil.
A declaração do republicano sobre o adiamento das eleições se deu minutos depois de serem divulgados dados que mostram que a economia dos EUA contraiu 9,5% no segundo trimestre, ou 32,9% em termos anualizados, no ritmo mais acentuado desde a Grande Depressão.
Os EUA, que vivem uma Guerra Fria 2.0 com a China, têm usado o cerco de Pequim a Hong Kong em seu discurso contra o país asiático no campo dos direitos humanos.
Mais cedo neste mês, a Casa Branca determinou o encerramento da política de tratamento econômico especial dado à ex-colônia britânica em resposta à imposição chinesa de uma lei de segurança nacional que erodiu grande parte das liberdades do território semiautônomo.
Os EUA também têm apoiado os manifestantes anti-Pequim —Hong Kong vive uma onda de protestos desde junho de 2019.
Em novembro passado, o Congresso americano aprovou uma legislação, sancionada por Trump, que prevê punições a autoridades responsáveis por abusos na repressão aos atos.
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