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Governo peruano autoriza turistas brasileiros a voltar

Viajantes estão retidos desde que Lima decretou estado de emergência pelo coronavírus

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São Paulo

O governo peruano autorizou a saída de brasileiros e outros estrangeiros que estão retidos no país após a suspensão de voos e o fechamento de fronteiras devido à pandemia de coronavírus.

Um decreto publicado nesta terça-feira (17) afirma que "se habilita excepcionalmente" que o Ministério de Transportes autorize voos nacionais e internacionais de repatriação de estrangeiros para seus países de residência. Peruanos que estão fora do país também serão autorizados a voltar.

Mais cedo, o Itamaraty informou que a Embaixada em Lima fez, entre a segunda-feira (16) e esta terça (17), “gestões em alto nível junto às autoridades peruanas".

Viajantes esperam por seus voos para deixar o Peru no aeroporto internacional Jorge Chávez, em Lima
Viajantes esperam por seus voos para deixar o Peru no aeroporto internacional Jorge Chávez, em Lima - Luka Gonzales/AFP

“No momento, estão sendo mantidas conversas com companhias aéreas, com vistas a mobilizá-las para viabilizar o rápido regresso dos brasileiros. Além disso, a Embaixada em Lima está solicitando às autoridades peruanas que atuem junto a associações de hotéis em Cusco para que assegurem a necessária hospedagem aos turistas brasileiros durante a estada no Peru”, diz o email enviado à Folha.

Segundo o órgão, atualmente há 3.770 turistas do país em território peruano. Eles estão se organizando em grupos específicos de WhatsApp para quem viajou em cada companhia aérea: Avianca, Latam e Gol.

A embaixada criou uma planilha online para que os brasileiros que querem sair cadastrem suas informações de contato. "A lista será consolidada pela embaixada e servirá para facilitar contatos futuros", diz a nota.

Na manhã desta terça, três brasileiros foram recebidos por um representante do cônsul, que deu a notícia sobre a possibilidade de voltar e leu um decreto do governo peruano que autoriza a repatriação de estrangeiros de todas as nacionalidades.

Uma das integrantes do grupo presentes na conversa, a antropóloga Priscila Klaus, 31, afirma que a informação é de que a única saída será por via aérea a partir de Lima, e que as fronteiras terrestres e marítimas devem permanecer fechadas.

Ela afirma que, devido ao grande número de turistas no país, aviões da FAB (Força Aérea Brasileira) não seriam suficientes para a repatriação. Daí a negociação com as empresas aéreas.

Segundo Priscila, não há ainda detalhes sobre os voos nem sobre como será o procedimento em relação a pessoas que estão em outras cidades.

Muitas estão em Cusco, e as fronteiras entre províncias peruanas também foram fechadas. A orientação, diz ela, é que os brasileiros fiquem nos hotéis aguardando novas informações.

Priscila estava na cidade de Huaraz quando foi anunciado o estado de emergência. "Eram 23h, e o hotel falou para a gente sair de lá, porque iriam fechar. Conseguimos ficar até as 8h do dia seguinte e pegamos o último ônibus para Lima", conta.

A embaixada afirma que funciona em regime especial de plantão para atendimento remoto por causa do estado de emergência do governo peruano.

"Para consultas e orientações, recomendamos enviar e-mail para a embaixada (consular.lima@itamaraty.gov.br) ou realizar contato por meio da página da embaixada no Facebook", diz a nota.

Na noite de domingo (15), o presidente Martín Vizcarra decretou estado de emergência nacional por 15 dias para evitar a propagação do coronavírus.

A medida teve aplicação quase imediata: estrangeiros e locais têm que obedecer a uma quarentena obrigatória, museus e restaurantes já não podem funcionar e o transporte internacional e doméstico está suspenso desde as 23h59 de segunda (16).

Brasileiros foram pegos de surpresa e ficaram sem opção de transporte para voltar, retidos em cidades com comércios e hotéis fechados com a orientação de não saírem às ruas.

Ao tentarem remarcar seus voos, dizem ter sido impedidos de entrar nos aeroportos ou retirados de lá pelo Exército. Eles afirmaram não estar recebendo apoio da embaixada —o Itamaraty, por sua vez, afirmou que tem dado apoio aos brasileiros e que verificaria com o governo peruano uma forma de ajudá-los a retornar.

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