O ex-presidente da Bolívia Evo Morales denunciou na manhã deste sábado (23), por meio de publicações em uma rede social, que líderes políticos ligado ao MAS, legenda a que pertence, estão sendo perseguidos e presos injustamente.
Na última quinta-feira (21), o vice-presidente do MAS (Movimento para o Socialismo), Gerardo García, foi detido no centro de La Paz sem que houvesse ordem de prisão contra ele. Já na madrugada desta sexta (22), foi emitida ordem de prisão contra a ex-ministra da cultura Wilma Alanoca.
A declaração do ex-presidente foi feita um dia após o governo interino acionar o Ministério Público contra ele, acusando-o de terrorismo.
Gerardo García, considerado o segundo homem mais forte do MAS, estava com seu motorista em um carro oficial sem placa, no qual transportavam equipamentos de informática e caixas com documentos para a sede do partido.
De acordo com a polícia, o veículo pertence ao Ministério do Desenvolvimento Rural, e García e o motorista foram presos por uso indevido de bens do Estado.
Evo afirmou que a prisão de García foi realizada "sem provas nem argumentos jurídicos".
O ex-presidente também classificou como injusta a ordem de prisão contra Wilma Alanoca, ex-ministra da Cultura durante seu governo.
O Ministério Público denunciou Alanoca por incitação à violência e posse de explosivos caseiros, encontrados em uma garagem do ministério.
Quatro funcionários foram presos, e o sindicado alega que as bombas foram produzidas sob ordens da ex-ministra.
De acordo com Juan Lanchipa, procurador-geral do Estado, um comunicado oficial sobre a investigação contra a ex-ministra foi emitido para todas as embaixadas onde ela poderia requisitar asilo.
Na manhã deste sábado, dois filhos de Evo Morales deixaram a Bolívia e embarcaram para a Argentina. De acordo com Arturo Murillo, ministro do Interior do atual governo, os parentes do ex-presidente receberam garantias para deixar o país em segurança.
O governo interino iniciou negociações com a oposição neste fim de semana, com o objetivo de encerrar a onda de protestos e violência que deixaram 32 mortos no último mês.
A Bolívia atravessa sua pior crise em 16 anos, após a oposição ter alegado fraude eleitoral na vitória de Evo nas eleições gerais de 20 de outubro. A OEA (Organização dos Estados Americanos) afirma ter encontrado irregularidades no processo.
O ex-presidente renunciou em 10 de novembro, pressionado por protestos populares e pelas Forças Armadas, o que gerou alegações de que Evo sofreu um golpe de estado.
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