Em meio à crise política que assola o Equador, uma das figuras mais importantes da oposição pediu refúgio na embaixada mexicana em Quito nesta terça-feira (15).
Gabriela Rivadeneira, ex-presidente da Assembleia Nacional e líder proeminente durante o governo de Rafael Correa (2007-2017), disse que ela e sua família sofreram ameaças nos últimos dias, o que lhe fez tomar a decisão.
O ex-presidente Correa é um ex-aliado e atual opositor do mandatário Lenín Moreno. De sua casa em Bruxelas, onde mora com a mulher, ele pediu novas eleições durante o auge dos protestos e disse que se candidataria como vice.
Não se sabe se Rivadeneira, 36, já está na embaixada. A representação diplomática informou apenas que aceitou o pedido da congressista.
Apesar da decisão de líder opositora, o clima de tensão no país tem diminuído desde domingo (13), quando Moreno anunciou a revogação da medida que suspendeu os subsídios aos combustíveis.
Esta medida tinha gerado um aumento de até 123% no custo da gasolina e do diesel para os consumidores, o que levou a eclosão de uma onda de protestos em todo o país.
Nesta terça, primeiro dia após a assinatura da revogação da medida, os preços dos combustíveis no Equador voltaram aos valores de antes do decreto
O galão de diesel baixou de US$ 2,30 para US$ 1,03, e o de gasolina passou de US$ 2,40 para US$ 1,85 —a economia do país é dolarizada.
A TV Amazonas exibiu imagens de postos de gasolina onde se lia a sinalização com os valores antigos, e também de ônibus urbanos em Guayaquil que voltaram a cobrar o valor de US$ 0,30 por passagem.
Em Quito, motoristas fizeram fila para terem seus carros abastecidos. A Agência Nacional de Trânsito realiza controle em terminais rodoviários para que as companhias retornem aos valores anteriores.
Com a vida voltando ao normal, cerca de 2,6 milhões de alunos retomaram as aulas em todos o país.
O presidente Lenín Moreno entrou em um acordo no domingo (13) com grupos indígenas que se manifestavam há 12 dias no país pedindo a revogação do decreto.
O fim da concessão de subsídios aos combustíveis, anunciado no dia 2, estimulou os trabalhadores do setor de transportes e os grupos indígenas a ocuparem as ruas.
A medida era parte de um pacote de ajustes para cumprir um acordo com o FMI (Fundo Monetário Internacional), em troca de um empréstimo de US$ 4,2 bilhões.
Os protestos, na maior parte das vezes violentos, deixaram um saldo de 1.340 feridos, 1.192 detidos e oito mortos.
A economista-chefe do FMI, Gita Gopinath, disse em Washington que apoia a decisão das autoridades equatorianas: "São tempos difíceis e gostaríamos que as reformas ocorressem e fossem bem-sucedidas".
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