O governo de Hong Kong proibiu novas manifestações contra Pequim convocadas para este domingo (20) na região de Tsim Sha Tsui, um bairro densamente povoado e conhecido pelos hotéis de luxo, sob o pretexto de garantir a segurança no local.
A proibição foi ignorada, e milhares de manifestantes reuniram-se para mais um dia de protestos, que terminou em confrontos da polícia com os manifestantes, bombas de gás, artefatos explosivos, prisões e ataques a bancos chineses, estações de metrô e à delegacia local.
A ilha vive há meses uma rotina de crise política e enfrentamento entre os manifestantes e a administração honconguesa.
Chega a 2.300 o número de pessoas presas desde junho, quando um projeto de lei de extradição apresentado pela chefe-executiva de Hong Kong, Carrie Lam, causou polêmica e desencadeou a série de manifestações.
O texto abre a possibilidade de suspeitos serem enviados à China continental para julgamento, vista como ameaça à autonomia política de Hong Kong.
No dia 1º de outubro, no aniversário da revolução na China, a polícia atirou em um manifestante pró-Hong Kong, hospitalizado em seguida e sem risco de morte.
Na noite de sábado (19), um jovem de 19 anos que distribuía panfletos foi esfaqueado por um homem que gritou em seguida "Hong Kong é parte da China [...] [Vocês] arruinaram Hong Kong".
Ele foi internado e ainda não há informações atualizadas sobre seu estado de saúde.
Na quarta-feira (16), Jimmy Sham, líder de um movimento de não violência que atua na ilha, foi internado após ser espancado por homens não identificados.
Neste domingo (20), a marcha foi marcada para as 12h, no horário local, e começou pacífica. As pessoas utilizaram os guarda-chuvas para proteger os rostos das câmeras. "Libertem Hong Kong" e "Honcongueses resistem!" eram algumas das mensagens nos banners e pichações no ato.
"O governo finge que nós queremos destruir a cidade. Estaremos nas ruas por quanto tempo for necessário para mostrar ao mundo que eles é que estão destruindo-a", disse Ray, 24, que não informou o sobrenome.
Lam concordou com a retirada formal do projeto de extradição, mas demandas como o voto universal, inquéritos independentes sobre a atuação da polícia contra os manifestantes e anistia para os indiciados foram negados e ainda estão na pauta dos protestos.
Ela disse que inquéritos sobre queixas contra a polícia serão concluídos em dezembro.
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