Como parte de seus esforços para assegurar que o Reino Unido finalmente deixe a União Europeia, o premiê Boris Johnson pediu aos parlamentares nesta quinta-feira (24) que apoiem sua convocação de eleições gerais para 12 de dezembro.
Em uma carta ao líder da oposição, o trabalhista Jeremy Corbyn, Boris disse que daria ao Parlamento mais tempo para aprovar a legislação necessária para o brexit —até 6 de novembro. Mas, em troca, quer que a Casa apoie novas eleições antes do Natal. Na prática, no entanto, Boris não tem poder suficiente para impor o cronograma de votação aos deputados.
A votação que decidirá sobre a realização de um novo pleito será na segunda (28). São necessários 434 votos na Câmara dos Comuns, o equivalente a dois terços dos assentos, para que a moção seja aprovada.
Esta foi a primeira vez que Boris admitiu oficialmente que o prazo inicial que havia prometido para o divórcio —31 de outubro— não será cumprido.
A líder dos deputados do Partido Trabalhista, Valerie Vaz, não disse se a sigla apoiaria novas eleições.
Ela afirmou apenas que a oposição vai esperar a decisão da UE sobre o pedido feito por Boris para que o brexit seja adiado para 31 de janeiro de 2020. A decisão dos membros do bloco deve ser anunciada na sexta (25).
Uma eleição é vista pela equipe do premiê como a única maneira de romper o impasse sobre a saída da UE após o Parlamento votar a favor de seu acordo, mas, minutos depois, rejeitar seu cronograma que teria cumprido o prazo de 31 de outubro.
Ele já havia tentado obter os votos para uma eleição geral duas vezes, mas fracassou em ambas, ao não atingir o apoio de dois terços dos 650 parlamentares.
Os trabalhistas, principal força da oposição, disseram repetidamente que só apoiarão uma eleição quando tiverem certeza de que Boris não pode tirar o Reino Unido da UE sem um acordo —o próprio Corbyn reafirmou essa posição nesta quinta.
"Este Parlamento se recusou a tomar decisões. Ele não pode se recusar a deixar que os eleitores o substituam por um novo Parlamento que possa tomar decisões", argumentou o premiê em carta ao líder da oposição.
Boris também criticou a lentidão do Legislativo. "Prolongar essa paralisia em 2020 teria consequências perigosas para empresas, empregos e confiança básica em instituições democráticas, já bastante prejudicadas pelo comportamento do Parlamento desde o referendo. O Parlamento não pode continuar mantendo o país como refém."
Faltando apenas uma semana para a data anteriormente estipulada para a saída do Reino Unido da UE, o bloco deve conceder a Boris um adiamento de 90 dias, algo que ele repetidamente disse que não queria, mas que foi forçado a solicitar pelo Parlamento.
Mais de três anos depois de votar para ser o primeiro país soberano a deixar o projeto europeu, o futuro do brexit ainda é incerto, com o Reino Unido ainda debatendo quando, como ou mesmo se deve seguir em frente com o divórcio.
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