União Europeia proíbe voos com modelo da Boeing que caiu na Etiópia

Modelo esteve envolvido em dois acidentes fatais nos últimos cinco meses e já foi banido de 41 países

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Boeing 737-800 operado pela Lion em Jacarta, na Indonésia - Adek Berry - 10.out.2018/AFP
São Paulo e Londres | Reuters e AFP

A Agência de Segurança de Aviação da União Europeia (Easa) proibiu todas as operações com aviões Boeing 737 MAX 8 e 9 a partir das 19h (16h em Brasília) desta terça (12). A decisão foi motivada pelas suspeitas sobre a segurança deste modelo, envolvido em um acidente na Etiópia no domingo (10). 

"Serão suspensos todos os voos comerciais operados com partida ou destino na União Europeia dos modelos mencionados", disse o órgão, em nota. A EASA reúne 32 países do continente, incluindo Alemanha, Espanha, França, Itália, Portugal, Reino Unido, Noruega, Suécia e Suíça. 

Nesta terça, mais cedo, 11 países já haviam decidido proibir o modelo em seu espaço aéreo, como Malásia, Austrália, Cingapura e Omã. Na segunda (11), China e Indonésia determinaram às empresas que operam em seus países que deixem de utilizá-lo. 

No Brasil, pousos, decolagens e sobrevoos do 737 MAX continuam liberados. A Gol, única empresa nacional que possui unidades do modelo, anunciou na noite de segunda que deixará de utilizá-lo temporariamente.

O modelo esteve envolvido em dois acidentes nos últimos cinco meses. O último deles, no domingo (10), matou 157 pessoas na Etiópia. Outro, em outubro, deixou 189 mortos na Indonésia.


40 países vetaram voos com o 737 MAX

  • Alemanha
  • Austrália
  • Áustria
  • Bélgica
  • Bermudas
  • Bulgária
  • China
  • Chipre
  • Cingapura
  • Croácia
  • Dinamarca
  • Emirados Árabes Unidos
  • Eslováquia
  • Eslovênia
  • Espanha
  • Estônia
  • Finlândia
  • França
  • Grécia
  • Holanda
  • Hungria
  • Índia
  • Indonésia
  • Irlanda
  • Islândia
  • Itália
  • Kuwait
  • Letônia
  • Liechtenstein
  • Lituânia
  • Luxemburgo
  • Malta
  • Malásia
  • Noruega
  • Omã
  • Polônia
  • Portugal
  • Reino Unido 
  • República Tcheca
  • Romênia
  • Suécia
  • Suíça

Ao menos 25 companhias aéreas decidiram parar de voar com o 737 MAX, segundo levantamento do jornal The New York Times. Após o acidente de domingo, passageiros publicaram questionamentos em redes sociais sobre a segurança da aeronave. 

De acordo com a revista técnica Flightglobal, cerca de 40% dos 737 MAX em operação no mundo foram retirados de circulação pelos bloqueios temporários. 

Algumas das empresas que suspenderam o uso do 737 MAX

  • Gol (Brasil)
  • Aerolíneas Argentinas
  • Aeromexico
  • Air China 
  • Turkish Airlines
  • TUI (Alemanha)
  • Eastar Jet (Coreia do Sul)
  • Norwegian Air (Noruega)
  • Royal Air Maroc (Marrocos)

A autoridade de aviação dos EUA (FAA) emitiu na segunda (11) uma notificação que autoriza as operadoras a seguir com o uso do 737 MAX. 

"Sem mudanças. Seguimos participando da investigação do acidente e decidiremos os passos a dar em função dos elementos que encontrarmos", disse um porta-voz da FAA à AFP.  Com isso, empresas como American Airlines e Southwest mantém as unidades deste avião em sua frota.

Algumas companhias que seguem usando o 737 MAX

  • American Airlines
  • Air Canada
  • Icelandair
  • Southwest

O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, afirmou nesta terça (12) que os aviões se tornaram "complexos demais para voar". 

"Os pilotos não são mais necessários, e sim cientistas da computação do MIT", acrescentou ironicamente, referindo-se ao prestigiado Instituto de Tecnologia de Massachusetts.

A Boeing, cuja sede fica em Chicago, nos Estados Unidos, reafirmou sua "total confiança" na segurança do 737 MAX.

"Entendemos que agências regulatórias e clientes tomaram decisões que eles consideram as mais apropriadas", disse a empresa em nota. A Boeing acrescentou que a FAA "não determinou nenhuma ação adicional neste momento e, com base nas informações disponíveis atualmente, não temos novas orientações para emitir aos operadores". 

A fabricante está trabalhando com a FAA desde o acidente na Indonésia, em outubro, para melhorar o software de controle que ajuda a manter o avião no ar. A atualização deve ser entregue nas próximas semanas.

O comitê nacional de segurança nos transportes da Indonésia avaliou que o voo da Lion Air recebeu uma "entrada (de informação) errônea" de um de seus sensores projetados para alertar os pilotos se a aeronave corre risco de entrar em situação de estol –quando o avião alcança tal ângulo de inclinação que perde sustentação. A investigação do comitê ainda não chegou a uma conclusão final sobre a causa do desastre.

O sensor e o software ligado a ele funcionam de uma maneira diferente de modelos anteriores do 737, mas os pilotos não foram alertados da diferença.

"Especular sobre a causa do acidente e discuti-lo sem saber todos os fatos importantes não é apropriado e pode comprometer a integridade da investigação", escreveu Dennis Muilenburg, CEO da Boeing, em um comunicado aos funcionários, obtido pela AFP. 

O MAX é a quarta geração do Boeing 737, que foi lançado em 1967 e se tornou o avião comercial mais vendido do mundo. 

O modelo é oferecido em quatro tamanhos, 7, 8, 9 e 10, sendo que o 8 teve maior procura. Desde o lançamento, em 2017, foram encomendadas mais de 5.000 unidades do 737 MAX, de acordo com a agência Bloomberg. 

Uma aeronave 737 MAX 8 custa em média US$ 121,6 milhões (R$ 467,9 milhões), segundo a Boeing. Esta foi a versão envolvida nos dois acidentes. 

Na comparação com as versões anteriores, o MAX tem motores maiores, automação de mais itens e capacidade de voar distâncias maiores (até 6.570 km),

A avião também consome menos combustível: segundo a Boeing, e gasta 13% menos na comparação com outras aeronaves atuais de porte similar, com apenas um corredor interno. A empresa também diz que a aeronave é 40% mais silenciosa. 

 
  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Tópicos relacionados

Leia tudo sobre o tema e siga:

Comentários

Os comentários não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é do autor da mensagem.