O Facebook anunciou nesta quarta-feira (4) que acredita que os dados de até 87 milhões de pessoas, em sua maioria nos Estados Unidos, foram compartilhados de forma imprópria com a empresa Cambridge Analytica.
A estimativa anterior era de que cerca de 50 milhões de pessoas teriam tido seus dados vazados para a companhia.
Mike Schroepfer, diretor de tecnologia da empresa, informou se tratarem de mais de 70 milhões de americanos. Os demais são de outros nove países, incluindo o Brasil, onde 443.117 usuários tiveram informações usadas.
A rede social afirma que os usuários afetados pelo vazamento serão avisados a partir de segunda (9) e que colocará um link no alto da página deles pelo qual eles poderão ver quais aplicativos estão usando e que informações foram compartilhadas com esses apps.
O Facebook está no centro de um escândalo de vazamento de dados de milhões de usuários, por meio da consultoria Cambridge Analytica, que trabalhou para a campanha de Donald Trump e que é suspeita de ter colhido informações pessoais de usuários da rede social de forma irregular. O caso foi revelado pelos jornais New York Times e The Observer (versão dominical do Guardian) e pela rede de televisão Channel 4, do Reino Unido.
A empresa vem perdendo valor de mercado desde então, e tem sido questionada sobre a eficácia do controle sobre os dados dos usuários e as consequências de seu uso por terceiros.
Desde então, tem havido questionamentos em vários países sobre o alcance e o poder do Facebook e de outras plataformas, e a necessidade de regulação dessas atividades.
O Facebook também anunciou mudanças para restringir o acesso de apps a informações de eventos, de grupos fechados e secretos e de páginas, entre outras mudanças.
A empresa afirmou nesta quarta que está alterando seus termos de uso e sua política de dados para deixar mais claras as questões relacionadas à privacidade, sem pedir mais acesso a informações aos usuários.
Entre os pontos que serão explicados estão como os dados são usados para customizar o que o usuário vê em seu feed; que dados são compartilhados com quem; como dados de outros produtos da empresa, como o WhatsApp, são usados; e que dados o Facebook recolhe dos dispositivos dos usuários.
DEPOIMENTO
O presidente e fundador do Facebook, Mark Zuckerberg, será ouvido em audiência no Congresso dos EUA na próxima quarta-feira (11), sobre o uso e a proteção de dados dos usuários da plataforma.
É a primeira vez que Zuckerberg depõe a legisladores americanos, em meio a um crescente cerco de políticos, governos e da opinião pública contra o Facebook e outras empresas de tecnologia.
A audiência com Zuckerberg foi confirmada nesta quarta (4) pelo Comissão de Energia e Comércio da Câmara. Ela será realizada às 11h de Brasília, na próxima quarta-feira (11).
Em nota, os deputados Greg Walden e Frank Pallone, membros da comissão, afirmaram que o depoimento será “uma importante oportunidade” para debater a privacidade dos dados de usuários da rede social e vai “ajudar os americanos a melhor compreender o que acontece com sua informação pessoal online”.
Os políticos agradeceram a disponibilidade de Zuckerberg –que tem sido cobrado, desde o ano passado, para responder pessoalmente aos questionamentos sobre a segurança de dados na plataforma, e o uso de suas ferramentas para fins políticos e comerciais.
Nos últimos dias, o executivo veio a público por meio de notas e entrevistas, em que lamentou e reconheceu o erro do Facebook no caso da Cambridge Analytica.
CAMBRIDGE ANALYTICA
O caso envolvendo a Cambridge Analytica começou em 2014, quando o professor Aleksandr Kogan, da Universidade de Cambridge, no Reino Unido, criou um teste de personalidade no Facebook com o pretexto de conduzir um estudo psicológico de usuários.
Cerca de 270 mil pessoas fizeram o teste de Kogan, mas o sistema permitiu que sua equipe visse o perfil de usuários, pois também captava as informações de todos os amigos de quem baixou o app.
No ano seguinte, Kogan repassou esses dados à Cambridge Analytica, que então contratou outros especialistas, entre eles Christopher Wylie, que acabou revelando o esquema ao The Observer.
De posse de dados como curtidas e redes de amigos, essa firma com sede em Londres conseguiu montar perfis de eleitores em potencial, que então eram bombardeados com mensagens políticas, com o objetivo de influenciar a eleição dos EUA .
O Facebook disse inicialmente que descobriu o esquema em 2015 e então removeu o aplicativo de Kogan, exigindo também que a Cambridge Analytica apagasse os dados desviados.
Diante das revelações de que as informações não foram apagadas e ajudaram a influenciar as eleições, a rede então bloqueou as contas de todos ligados à consultoria na plataforma.
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