AN�LISE: Apesar de vit�ria tranquila de Pi�era, cen�rio pol�tico � incerto
Martin Bernetti/AFP | ||
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O presidente leito do Chile, Sebasti�n Pi�era, faz discurso da vit�ria ao lado da mulher, Cecilia Morel |
Apesar da vit�ria folgada, o novo presidente do Chile, Sebasti�n Pi�era, dever� contar com um cen�rio delicado durante todo o seu mandato.
A sua coliga��o n�o conseguiu obter maioria em nenhuma das duas Casas legislativas, o que for�ar� o novo governo a barganhar cada projeto com parlamentares de partidos de outros blocos. Nada garante que isso ser� f�cil.
Desde o retorno � democracia, em 1990, depois de 17 anos de uma ditadura comandada pelo general Augusto Pinochet (1915-2006), o Chile tem desenvolvido uma cultura de acordos entre coaliz�es marcada pelo consenso, de modo a garantir a governabilidade.
O efeito disso foi trazer para o centro do espectro pol�tico a formula��o dos projetos de leis e, consequentemente, a competi��o eleitoral.
Por um lado, isso contribuiu para uma grande estabilidade dos sucessivos governos. Por outro, desaguou numa crescente converg�ncia das posturas e ideologias pol�ticas e na dificuldade de distin��o clara entre os blocos.
Em raz�o dessa homogeneiza��o das plataformas, os cidad�os foram pouco a pouco se afastando dos partidos tradicionais, se desinteressando da pol�tica. Os baix�ssimos n�veis de participa��o nas �ltimas tr�s elei��es ilustram esse fen�meno.
A elei��o encerrada neste domingo (17) foi marcada por uma polariza��o das posi��es; o desempenho da esquerdista ne�fita Frente Ampla, fundada apenas em janeiro deste ano, � sintom�tico disso.
Tamb�m no Congresso, os parlamentares parecem muito menos dispostos a repetir a cultura dos acordos. Por isso, achar maioria ser� muito mais dif�cil para o novo presidente.
O alvo principal encontra-se nos 14 deputados e 6 senadores da Democracia Crist� (DC). Apesar de ter formado por 30 anos uma coaliz�o (a Concerta��o, que agora se chama Nova Maioria) com partidos progressistas (PS, PPD e PR), a DC vem mantendo rela��es ca�ticas com o grupo.
Todo o mandato de Michelle Bachelet foi cadenciado por tens�es internas provocadas essencialmente pela Democracia Crist�. A elei��o de Pi�era se deve, essencialmente, ao fato de ter conseguido convencer o eleitorado da DC.
Ao sair com uma candidata pr�pria, Carolina Goic, a DC conseguiu um "feito" duplo: alcan�ar o pior resultado da sua hist�ria e acabar com a coaliz�o que tinha contribu�do para criar em 1988.
Agora, se v� diante da tenta��o de entrar formalmente no novo governo Pi�era —tal qual um PMDB � chilena— ou permanecer neutra.
Com a DC sem posi��o clara, a emerg�ncia da Frente Ampla, e a prov�vel reorganiza��o da Nova Maioria, o cen�rio pol�tico chileno est� mais incerto do que nunca.
ADRI�N ALBALA � professor visitante na Universidade Federal do ABC
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