Posto de vota��o no Est�dio Nacional faz Chile lembrar de sua hist�ria
Milhares de chilenos t�m como local de sufr�gio um lugar hist�rico da capital, o Est�dio Nacional, na comuna de �u�oa. Trata-se de um dos centros de vota��o mais movimentados de Santiago.
"� bom que se realizem elei��es aqui, nos faz lembrar de um per�odo terr�vel de nossa hist�ria, � como dar uma resposta positiva ao passado, e demonstrar que n�o nos esquecemos dele", diz Esteban Aguerre, 76, que acabava de colocar seu voto na urna.
O Est�dio Nacional, local de alegrias relacionadas ao futebol, pois foi sede de partidas de Copa Am�rica, de finais de campeonato chileno e de Libertadores, tamb�m foi onde o Brasil se consagrou pela segunda vez como vencedor de uma Copa do Mundo, em 1962.
Por outro lado, como diz uma placa do lado de fora, � tamb�m um lugar de mem�ria dos tempos da ditadura (1973-1990). Afinal, serviu de centro de deten��o clandestina e local onde se realizaram torturas e fuzilamentos. Estima-se que 40 mil opositores ao regime tenham passado por ali, entre eles o norte-americano Charles Horman, cuja hist�ria � contada no filme "Missing" (desaparecido), de 1982, do diretor grego Costa-Gavras.
Nos dias de elei��es como este domingo (17), o campo fica fechado durante o dia. Ao redor dele, diante dos port�es de acesso �s arquibancadas, armam-se as mesas de vota��o e as cabines, com cortinas azuis, onde os eleitores votam. Depois, quando o pleito termina, as atas s�o levadas para serem contadas no interior do est�dio.
"� sempre especial trabalhar numa elei��o aqui, s�o muitas as coisas que passam pela cabe�a de cada chileno que viveu aqueles tempos", diz um dos fiscais do candidato de centro-direita, Sebasti�n Pi�era.
J� um dos eleitores de Alejandro Guillier refor�ou que a lembran�a dos que morreram na resist�ncia � ditadura refor�a a "necessidade de votar, e votar bem, para que nada semelhante ao que nos passou naquela �poca ocorra de novo", disse Juan Jos� Aldunate, 37.
"Me d� calafrios vir aqui votar, eu na verdade preferia que isso fosse um parque da mem�ria. Nem que se celebrassem gols, nem que se elegesse ningu�m aqui. Houve pessoas torturadas e fuziladas nesse mesmo lugar. Deveriam fazer dele um memorial silencioso", diz Antonia Montiel, 66, eleitora da esquerdista Beatriz S�nchez, da Frente Ampla, no primeiro turno, mas que disse que anularia o voto neste segundo turno.
"N�o creio que Guillier encampe o que ela propunha, que era uma esquerda nova, n�o quero endossar uma candidatura que n�o me parece muito clara."
J� na Estaci�n Central, um dos bairros onde h� mais imigrantes, este domingo foi um dia normal de com�rcio de rua. "Tem menos movimento agora, as pessoas votam cedo, e deixam para vir fazer compras mais tarde. Fico aqui esperando", disse Aim� Placide, 34, imigrante haitiana, que j� regularizou sua situa��o no pa�s, mas ainda n�o pode votar. "Creio que poderei na elei��o que vem. Espero que sim, porque vim para reconstruir minha vida aqui, e por isso quero participar."
J� o equatoriano Josu� Villavicencio, que j� vive no Chile h� dez anos, estava saindo para trabalhar com seu carro � motorista de Uber, mas ia passar antes pelo seu centro de vota��o. "Votei no primeiro turno em Beatriz S�nchez, porque � uma esquerda nova. Mas hoje vou votar em Pi�era, pois Guillier � um comunista como esses que n�o deram certo na Am�rica Latina. Com Beatriz seria diferente, mas em Guillier n�o confio. Ent�o que volte Pi�era porque com ele t�nhamos mais trabalho", resumiu.
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