An�lise: Pi�era e Guillier v�o precisar ampliar coaliz�o se eleitos no Chile
Os surpreendentes resultados do primeiro turno das elei��es do Chile abrem um cen�rio in�dito de imprevisibilidade quanto � defini��o do vencedor final e � composi��o do pr�ximo governo.
Nenhum candidato parece em condi��o de formar uma coaliz�o majorit�ria, o que dificulta a governabilidade.
Carlos Garcia Rawlins - 19.nov.2017/Reuters | ||
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O ex-presidente Sebasti�n Pi�era comemora com militantes ap�s dia de elei��o no Chile |
Se o candidato da direita e ex-presidente Sebasti�n Pi�era chegou em primeiro, como previsto, estacionou nos 36,6%, bem menos do que as pesquisas lhe atribu�am.
Se somarmos a esse percentual os votos obtidos pelo candidato da extrema direita pr�-Pinochet, Jos� Antonio Kast (Bolsonaro � chilena), chegamos a 44,5%. Ou seja, Pi�era n�o tem a elei��o ganha. Al�m disso, com 73 deputados (47%) e 19 senadores (44%), n�o contaria com maioria parlamentar.
Do outro lado, o candidato da coaliz�o da atual situa��o de centro-esquerda, Alejandro Guillier, conseguiu chegar ao segundo turno com 22,7%. Esse resultado precisa ser colocado em perspectiva com os inesperados n�veis de vota��o (20,3%) da coaliz�o de esquerda, Frente Ampla (FA), que se firmou como a terceira for�a da pol�tica chilena.
Se aos dois somarmos o resultado do pequeno candidato esquerdista Marco Enr�quez-Ominami (5,7%), chegamos a um potencial de 48,7% dos votos. Isso pressup�e, portanto, que Guillier adote uma postura mais de esquerda para o segundo turno.
No entanto, conseguir um apoio eleitoral expl�cito da FA parece tarefa dif�cil. Mesmo se os terceiros colocados apoiarem Guillier, � muito improv�vel que isso se traduza em um governo de coaliz�o em caso de vit�ria.
Os dois candidatos qualificados para o segundo turno enfrentam o mesmo dilema de equilibrista: adotar estrat�gias centr�fugas para poder garantir o apoio dos eleitores dos candidatos eliminados, sem se afastar demais do debilitado centro, encarnado pela Democracia Crist� (DC).
Desde 1990, a DC esteve alinhada com os partidos progressistas de cunho social-democrata, em uma coaliz�o que retomava o antagonismo pr�/anti-Pinochet. Mas as rela��es azedaram durante o segundo mandato de Michelle Bachelet, levando a c�pula do partido a apresentar uma candidata e listas parlamentares por fora da coaliz�o.
O tiro saiu pela culatra, pois o partido teve resultados catastr�ficos tanto para presidente (5,8%) como para parlamentares. Com s� seis senadores e 14 deputados, a DC parece relegada a um papel coadjuvante.
Mesmo se a sigla aceitasse voltar a formar uma coaliz�o de governo com Guillier, o grupo resultante n�o seria majorit�rio —controlaria apenas 36% da C�mara e 46% do Senado. S� uma megacoaliz�o (improv�vel) com a FA poderia outorgar uma maioria.
Seja quem for ele, o pr�ximo presidente dever� enfrentar a necessidade de ampliar sua coaliz�o ou ent�o batalhar por acordos pontuais, acrescentando imprevisibilidade a sua a��o pol�tica. Tudo isso em um clima de ampla desconfian�a com a pol�tica, ilustrada neste domingo com o baixo n�vel de participa��o (46,1%).
Editoria de Arte/Folhapress/Folhapress | ||
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Mapa dos votosPi�era venceu em todas as regi�es do pa�s |
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