Justi�a pro�be presidente das M�es da Pra�a de Maio de sair da Argentina
A presidente da associa��o argentina M�es da Pra�a de Maio, Hebe de Bonafini, foi proibida pela Justi�a de sair do pa�s e recebeu uma ordem de deten��o por ter se negado, duas vezes, a depor.
Bonafini, 87, � um dos maiores s�mbolos de resist�ncia da �ltima ditadura militar argentina (1976-1983) por ser uma das fundadoras da entidade que busca os desaparecidos do per�odo. Seus dois filhos e sua nora est�o entre os desaparecidos.
Ela havia sido convocada a depor em um caso que investiga desvio de dinheiro p�blico destinado a constru��o de casas populares. O programa era organizado pelas M�es da Pra�a de Maio e financiado pelo governo de Cristina Kirchner (2007-2015), mas foi interrompido ap�s den�ncias de corrup��o.
Na tarde desta quinta (4), quando militantes kirchneristas souberam que a pol�cia prenderia a ativista, eles formaram um cord�o humano diante do pr�dio da associa��o, impedindo que Bonafini fosse levada.
Protegida por manifestantes, ela entrou em uma van e foi at� a Pra�a de Maio, onde as m�es d�o uma volta em um monumento todas as quintas-feiras �s 15h30 desde 1976 para lembrar seus filhos e pedir justi�a. De dentro do ve�culo e seguida por milhares de manifestantes, Bonafini repetiu o gesto hist�rico.
A estudante de hist�ria Maria Sols, 22, participou da marcha e disse que compreende a aus�ncia de Bonafini na audi�ncia. "Na Argentina, a Justi�a � uma corpora��o."
Na manh� desta quinta, a ativista havia enviado uma carta dizendo que n�o deporia para o juiz Marcelo Mart�nez de Giorgi, respons�vel pelo caso. No documento, ela afirma ter colaborado em outras ocasi�es na investiga��o do desvio de recursos e acusou a Justi�a de ser indiferente.
"Desde 1977, venho padecendo de agress�es dessa Justi�a. Fiz 168 representa��es pelo meu filho Jorge e depois pedi pelo meu outro filho, Ra�l, em uma constante peregrina��o por julgamentos [dos militares]. Sempre sofri com as mesmas injusti�as", escreveu.
A uma r�dio local afirmou tamb�m n�o temer a possibilidade de ser detida. "N�o tenho medo das consequ�ncias [de n�o depor]. Para mim, o importante � a honra de meus filhos e dos 30 mil desaparecidos [na ditadura]."
ESC�NDALOS
O caso que envolve Bonafini � mais um dentre v�rios que investigam o governo da ex-presidente Cristina Kirchner, denunciada por lavagem de dinheiro, falsifica��o de documento p�blico e m� administra��o de recursos p�blicos.
Todos esses processos ganharam velocidade ap�s a chegada de Mauricio Macri � Presid�ncia, em dezembro do ano passado.
Bonafini � bastante pr�xima de Cristina. A ex-mandat�ria deu apoio financeiro �s a��es sociais das M�es da Pra�a de Maio e impulsionou o julgamento dos respons�veis pela ditadura. Na noite desta quinta, Bonafini permanecia na associa��o, protegida por militantes que est�o diante do pr�dio.
Apesar de ser reconhecida como ativista de direitos humanos, � questionada por muitos no pa�s por adotar uma postura inflex�vel e radical. Anti-americana, ela afirmou em 2001 que havia se alegrado quando soube do atentado �s Torres G�meas, em Nova York.
Sete anos depois, em um protesto dentro da Catedral de Buenos Aires, ela fez suas necessidades em um balde pr�ximo ao altar e denunciou o ent�o cardeal Jorge Bergoglio (hoje papa Francisco) de haver trancado os banheiros da igreja.
No in�cio deste ano, quando o presidente Macri recebeu representantes de outras entidades de direitos humanos, como as Av�s da Pra�a de Maio, Bonafini se recusou a ir e chamou o mandat�rio de "cag�o".
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