Obama chega a Cuba em visita hist�rica que sela reaproxima��o
Sob forte chuva e um intenso esquema de seguran�a que esvaziou v�rias ruas de Havana, Barack Obama chegou na tarde deste domingo (20) a Cuba para a primeira visita um presidente dos Estados Unidos � ilha em 88 anos.
Acompanhado da mulher, Michelle, das filhas Malia e Sasha, e da sogra, Marian, Obama deu in�cio a uma agenda preparada para abordar dos assuntos mais espinhosos, como direitos humanos, aos mais leves, incluindo um jogo de beisebol, paix�o nacional de ambos os pa�ses.
A visita de tr�s dias � o ponto alto do processo de reaproxima��o que come�ou em dezembro de 2014, e que p�s fim a 53 anos de rompimento diplom�tico e incessante hostilidade.
"Esta � uma visita hist�rica, e � uma oportunidade hist�rica de nos envolvermos com o povo cubano", disse Obama a funcion�rios da embaixada americana, reaberta no pa�s em agosto.
O encontro com a equipe ocorreu no hotel Melia Habana, logo ap�s Obama deixar o aeroporto, onde foi recebido pelo ministro das Rela��es Exteriores cubano, Bruno Rodr�guez. De l�, ele e a fam�lia visitaram, com guarda-chuvas, Havana Velha, �rea tur�stica da capital. Dezenas de cubanos que estavam na regi�o aplaudiram e gritaram o nome de Obama.
"N�o pensei que viveria o suficiente para testemunhar este momento", disse o estivador aposentado Pascoal Rivas, 86, que nasceu dois anos ap�s a visita de Calvin Coolidge, a �ltima de um presidente norte americano a Cuba.
Num contraste com a visita de Coolidge, que em 1928 chegou a Cuba em um navio de guerra, Obama fez tudo para mostrar logo de cara o lado amistoso de seu pa�s.
"Que bol�, Cuba?", postou o presidente numa rede social ao chegar, usando a g�ria cubana para "tudo bem?".
Poucas horas antes da chegada do americano, confronto, dan�a e batucada se misturaram nas ruas de Havana.
Como fazem toda semana, ativistas do grupo opositor Damas de Branco organizaram uma marcha contra a falta de liberdades no pa�s. O protesto transcorreu sem grandes incidentes at� que os opositores foram confrontados por uma manifesta��o muito maior de defensores do regime.
Em poucos minutos, dezenas de policiais cercaram os dissidentes e detiveram cerca de 50, num lembrete de que a esperan�a de uma nova era para os cubanos � cercada de grande inquieta��o pol�tica.
DISSIDENTES
Entre os compromissos de Obama, um dos mais sens�veis ser� o encontro com representantes da sociedade civil na ter�a (22), incluindo dissidentes. V�rios dos ativistas que foram convidados pela Casa Branca estavam na manifesta��o que terminou em tumulto e pris�o no domingo.
Antes da a��o da pol�cia, um dos opositores convidados para se reunir com Obama, Antonio Gonz�lez-Rodilles, disse � Folha que a �nica forma de conduzir o pa�s � democracia � mudar o regime.
Marlene Bergamo/Folhapress | ||
![]() |
||
O dissidente Antonio Gonz�lez-Rodilles � detido durante protesto em bairro de Havana |
"N�o h� escapat�ria. Caso contr�rio continuaremos andando em c�rculos", afirmou, acrescentando que � imposs�vel uma transi��o enquanto a fam�lia Castro estiver no poder. "Eles est�o nos empurrando para a dire��o contr�ria. Preparam a transfer�ncia de poder dentro da fam�lia, como uma dinastia. O pr�ximo � o filho de Ra�l, Alejandro."
Ap�s a deten��o dos dissidentes, a manifesta��o pr�-regime virou um carnaval, com bailarinos, batucada e dan�a, enquanto os participantes gritavam palavras de ordem a favor da Revolu��o Cubana e de Fidel Castro.
Obama chega acompanhado de uma enorme delega��o, estimada entre 800 e 1.200 integrantes, incluindo presidentes de empresas e cerca de 40 parlamentares.
Al�m de conquistar o cora��o dos cubanos, o presidente tem o objetivo de mostrar aos norte-americanos os benef�cios da normaliza��o e tornar o processo irrevers�vel, aumentando a press�o sobre o Congresso para acabar com o embargo econ�mico a Cuba, em vigor desde 1960.
DISCURSO HIST�RICO
Na segunda (21), o principal evento marcado � uma reuni�o com o ditador Ra�l Castro, com quem Obama dever� debater projetos de coopera��o bilateral e assuntos regionais, como o processo de paz entre o governo da Col�mbia e guerrilheiros das Farc (For�as Armadas Revolucion�rias da Col�mbia), mediado por Cuba.
Na ter�a, �ltimo dia da viagem, o presidente americano dever� fazer um discurso televisionado ao povo cubano a partir do Gran Teatro Alicia Alonso, antes de assistir a um jogo de beisebol entre a equipe americana Tampa Bay Rays e a sele��o cubana. Logo depois, Obama e fam�lia embarcam para a Argentina, onde se encontrar�o com o presidente Maur�cio Macri.
O discurso de ter�a, segundo seu assessor, Ben Rhodes, ser� um "momento muito importante da visita" e uma "oportunidade para Obama descrever o curso em que estamos, revisar a complicada hist�ria entre nossos pa�ses e falar da raz�o por tr�s dos passos que tomamos", assim como para "olhar para o futuro, projetar sua vis�o de como os Estados Unidos e Cuba podem trabalhar juntos".
"Vemos esse discurso como um momento �nico na hist�ria entre os dois pa�ses", disse Rhodes � imprensa. "Ser� a primeira visita de um presidente americano a Cuba em quase 90 anos, e certamente o primeiro discurso de um presidente americano em solo cubano em quase 90 anos."
Ainda segundo Rhodes, � prov�vel que as autoridades cubanas transmitam o discurso de Obama pela TV, assim como fizeram em dezembro, quando houve um pronunciamento do presidente americano sobre a reaproxima��o entre os dois pa�ses.
Livraria da Folha
- Box de DVD re�ne dupla de cl�ssicos de Andrei Tark�vski
- Como atingir alta performance por meio da autorresponsabilidade
- 'Fluxos em Cadeia' analisa funcionamento e cotidiano do sistema penitenci�rio
- Livro analisa comunica��es pol�ticas entre Portugal, Brasil e Angola
- Livro traz mais de cem receitas de saladas que promovem saciedade
![Muro na fronteira do México com os EUA – Lalo de Almeida/Folhapress Muro na fronteira do México com os EUA – Lalo de Almeida/Folhapress](https://cdn.statically.io/img/f.i.uol.com.br/folha/homepage/images/17177107.jpeg)
Um mundo de muros
Em uma série de reportagens, a Folha vai a quatro continentes mostrar o que está por trás das barreiras que bloqueiam aqueles que consideram indesejáveis