Ainda esperancoso, Evo diz que n�o vai se desesperar com derrota na Bol�via
Proje��es feitas a partir do resultado parcial do referendo realizado no domingo mostravam, na noite de segunda (22), que os bolivianos recusaram a possibilidade de o presidente Evo Morales concorrer a um quarto mandato consecutivo em 2019.
Com 46% dos votos apurados, o "n�o" ganhava com 57,4%, enquanto o "sim" tinha 42,6% de apoio, de acordo com o Tribunal Supremo Eleitoral. Na chamada contagem de transmiss�o r�pida, que considerava 82% da apura��o, o "n�o" aparecia com 54,1% contra 45,5% do "sim".
Se confirmada, ser� a primeira derrota de Evo nas urnas desde sua chegada ao poder, em 2006. Ser� tamb�m mais um elemento no movimento que enfraquece governos de esquerda na regi�o, ap�s Argentina e Venezuela.
�s 20h de Bras�lia, os dois departamentos (Estados) que poderiam garantir uma virada em favor de Evo –os populosos La Paz, onde o "n�o" vencia por 53,7%, e Cochabamba, com 54% "sim"– tinham menos votos a apurar (cerca de 1,6 milh�o) que os outros sete juntos.
Em um terceiro, Oruro (305 mil votos, 90% apurados), o "sim" ganhava sem margem.
O presidente possui sua base de apoio no altiplano boliviano –onde est� a capital, La Paz–, e a oposi��o � mais forte na regi�o de Santa Cruz de la Sierra, no centro do pa�s.
Mais cedo, Evo havia pedido que se esperasse "com serenidade" os resultados oficiais, mas disse que respeitaria o desejo dos eleitores porque "assim � a democracia".
David Mercado/Reuters | ||
Presidente da Bol�via, Evo Morales, durante coletiva no pal�cio presidencial em La Paz |
"Se vencer, a luta segue e a gest�o segue. Tenho muitas responsabilidades. Nunca nos desesperamos, estamos esperando os resultados", disse o presidente a rep�rteres na tarde de segunda (22), na qual se disse "otimista".
A oposi��o, contudo, j� celebrava, com os resultados parciais, a vit�ria do "n�o" no referendo.
O l�der opositor Samuel Doria Medina, ex-candidato � Presid�ncia derrotado por Evo, comemorava em sua conta no Twitter desde a noite de domingo: "O povo, ao dizer n�o � reelei��o, disse n�o ao poder vital�cio", escreveu.
Na Venezuela, o l�der opositor Henrique Capriles disse que a vit�ria do "n�o" era "saud�vel" para a Bol�via.
O referendo constitucional foi convocado para decidir se deveria ser modificado o artigo 168 da Carta, que diz que os presidentes s� podem concorrer a uma reelei��o.
Em 2014, Evo, que j� estava havia oito anos no poder, obteve permiss�o da Corte Suprema para concorrer ao terceiro per�odo, porque a primeira gest�o, sendo anterior � Constitui��o promulgada em 2009, n�o contaria.
IRREGULARIDADES
A miss�o de observa��o eleitoral da OEA (Organiza��o dos Estados Americanos) disse, nesta segunda, ter detectado algumas irregularidades no processo do referendo, mas descartou que sejam consideradas provas de fraude.
"Podemos ver irregularidades, podemos ver falhas, mas n�o estamos falando de fraude deliberada que tenha como objetivo adulterar os resultados", afirmou o chefe da miss�o, o ex-presidente da Rep�blica Dominicana Leonel Fern�ndez.
OTIMISTA
O presidente Evo Morales disse que, se for confirmada a derrota, a vida continuar�. "N�o vou me desesperar", afirmou em uma coletiva televisionada nesta segunda-feira (22).
Apesar dessa declara��o, o primeiro presidente ind�gena da Bol�via disse que ainda v� chances de vit�ria por ter esperan�a na apura��o na zona rural do pa�s, onde � mais popular.
Tradicionalmente, a notifica��o sobre os votos dessa regi�o do pa�s � mais lenta.
O l�der boliviano afirmou tamb�m se sentir encorajado pelos resultados parciais, caracterizando as celebra��es de seus oponentes de prematuras.
"Eles n�o gostam tanto de n�s na cidade, mas os resultados iniciais me d�o esperan�a", disse.
Carlos Barrios/Xinhua | ||
Mulher participa de contagem de votos de referendo nacional em La Paz, Bol�via |
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