Game que se passa na Revolu��o Francesa provoca pol�mica em Paris
Talvez s� na Fran�a um jogo de videogame poderia provocar um debate filos�fico s�rio sobre a decad�ncia da monarquia, os custos morais da democracia, a ascens�o da extrema direita e o significado do Estado.
Os franceses est�o furiosos com a imprecis�o hist�rica e o vi�s pol�tico do jogo "Assassin's Creed Unity".
Cr�ticos � esquerda dizem que o jogo menospreza uma narrativa consagrada da Revolu��o Francesa -as massas miser�veis se rebelando contra uma nobreza mimada.
Ambientado na Paris de 1789, meticulosamente reproduzida em 3D, o jogo faz parte de uma s�rie popular, cujas vers�es anteriores tiveram como tema eventos hist�ricos tais quais as Cruzadas e a Revolu��o Americana.
Ubisoft via The New York Times | ||
Imagem do game Assassin's Creed: Unity, que se passa durante a Revolu��o Francesa |
A s�rie, produzida pela empresa francesa Ubisoft, j� vendeu quase 80 milh�es de unidades desde que foi lan�ada em 2007.
Na mais recente edi��o do jogo, o her�i encapuzado � Arno Victor Dorian, jovem franc�s cujo pai foi assassinado em Versalhes e que n�o esconde sua satisfa��o ao pular sobre os telhados de Paris, incluindo a Catedral de Notre-Dame, matando sem piedade membros da nobreza e outros rivais com sua "l�mina oculta" ou sua pistola.
Cr�ticos do jogo, liderados pelo pol�tico agitador Jean-Luc M�lenchon, ex-candidato de esquerda � Presid�ncia, descrevem o produto como sendo uma "propaganda" perigosa, que retrata as massas francesas como assassinos sanguin�rios, enquanto os abastados reis Lu�s 16 e Maria Antonieta s�o mostrados com simpatia.
Em um momento de crise econ�mica e pol�tica, de crescimento do partido ultradireitista Frente Nacional e de impopularidade do presidente socialista Fran�ois Hollande, M�lenchon disse na r�dio France Info que o jogo amea�a espalhar o "�dio � Rep�blica", que, segundo ele, se tornou generalizado na extrema direita.
M�lenchon se irritou com o fato de o jogo n�o tratar Lu�s 16 como "traidor".
Ele disse que Maria Antonieta, "aquela cretina" que foi rainha da Fran�a de 1774 a 1792 antes de acabar na guilhotina, foi erroneamente representada no jogo como "uma pobre menina rica", embora, segundo ele, tenha tentado conspirar para que a Fran�a fosse invadida.
M�lenchon tamb�m disse � emissora que Robespierre foi difamado no jogo como "um monstro", e n�o foi considerado em seu papel de "libertador" e l�der de um movimento que deu aos judeus o direito de votar e que tentou fazer o mesmo pelas mulheres.
Em um blog hospedado pelo site noticioso Mediapart, o historiador Jean-Cl�ment Martin, que prestou consultoria � Ubisoft no jogo, escreveu que "Assassin's Creed Unity" n�o tinha como finalidade agredir os franceses nem fazer um revisionismo hist�rico, mas criar uma "fantasia".
"Que os adolescentes, sejam jovens ou velhos, joguem", escreveu. "Talvez eles tenham a ideia de ler um manual ou livro de hist�ria, e todo mundo sair� ganhando."
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