Movimento Solidariedade perde prest�gio e membros na Pol�nia
Vinte e cinco anos ap�s a queda do muro de Berlim, o sindicato polon�s Solidariedade, principal movimento de massa contra o comunismo nos anos 80, perdeu relev�ncia, prest�gio e, sobretudo, membros.
Os corredores de sua sede na cidade de Gdansk exibem com nostalgia imagens das manifesta��es de 1980, que atra�ram as aten��es do mundo para o estaleiro naval do governo aliado dos sovi�ticos. Na �poca, o Solidariedade, sob a lideran�a de Lech Walesa, chegou a ter 10 milh�es de membros. Hoje, o n�mero n�o passa de 700 mil.
"Foi, com certeza, o mais importante movimento social de todos os tempos. Quantos pa�ses foram beneficiados por suas a��es? O Solidariedade teve impacto na vida de muitas pessoas", diz Anna Maria Mydlarska, 58, respons�vel por um boletim clandestino do sindicato na �poca.
Janek Skarzynski - 14.set.2013/AFP | ||
Membros do Solidariedade em protesto no ano passado |
O ano da queda do muro de Berlim, 1989, coincide com o processo que levou ao fim do comunismo na Pol�nia e a legaliza��o do Solidariedade ap�s sete anos de clandestinidade.
O sindicato conseguiu no ano seguinte a proeza de eleger Lech Walesa presidente da Pol�nia. Foi o primeiro sindicato independente do regime comunista do leste, antes de ser declarado ilegal por uma lei marcial, em dezembro de 1981.
Hoje, o famoso port�o 2 do estaleiro onde ocorreram as grandes manifesta��es � s�mbolo de culto ao sindicato e aos 45 trabalhadores mortos em confronto com a pol�cia em 1970.
A poucos metros dali, num pequeno pr�dio, est� sua sede, onde a Folha foi recebida pelo diretor de comunica��o, Marek Lewandowski, 46.
Ele reconhece a perda de signific�ncia pol�tica nesses 25 anos, mas argumenta: "O sindicato era um movimento pol�tico e social tamb�m, com v�rios grupos diferentes. Desde 1989, esses movimentos seguiram seus caminhos".
A opini�o � compartilhada pela professora de ci�ncia pol�tica Anna Materska-Sosnowska, da Universidade de Vars�via.
"O Solidariedade era a �nica for�a que se op�s ao governo comunista. Depois de 1989, as mudan�as come�aram, diferentes interesses apareceram e o movimento obviamente se enfraqueceu", diz a professora.
ENFRAQUECIMENTO
O sindicato representa hoje trabalhadores poloneses de 8.000 empresas, entre elas estaleiros, refinarias e ind�strias. Ainda � o maior do pa�s, mas sem o mesmo protagonismo de outrora.
"A elimina��o da ind�stria comunista de larga escala reduziu os grande grupos de trabalhadores, enfraquecendo os sindicatos. Al�m disso, muitos dos seus l�deres viraram pol�ticos", diz a professora da Universidade de Vars�via.
A rela��o do sindicato com o fundador Lech Walesa � conflituosa e distante. O afastamento come�ou justamente no governo dele, entre 1990 e 1995, marcado por crise econ�mica e pol�tica durante as reformas p�s-comunismo.
"O contato com Walesa � muito complicado. Quando se tornou presidente, transformou-se num grande pol�tico, mas se esqueceu de muitas reivindica��es dos trabalhadores e n�o nos protegeu", diz o dirigente do Solidariedade.
Em entrevista � Folha, Walesa n�o quis polemizar, mas alfinetou o sindicato. Para ele, o Solidariedade deveria ter sido extinto. "O movimento j� tinha feito o que deveria e propus sua dissolu��o na �poca, mas n�o concordaram", diz.
"Hoje, muitas cidades pelo mundo precisam de algo parecido, com diferentes bandeiras. O Solidariedade de hoje na Pol�nia � at� um sindicato melhor do que antes, mas n�o � mais um movimento social", diz. "Como n�o acabaram com ele, n�o podemos criar outro com o mesmo nome."
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