Barack Obama tenta conter avan�o de direita radical
Ao fazer o balan�o do primeiro ano do governo de Barack Obama, o presidente em�rito do Council on Foreign Relations, Leslie Gelb, aconselhou o presidente a esquecer o suprapartidarismo e falar grosso com republicanos e democratas dissidentes, que lhe negaram votos ao pacote de est�mulo econ�mico e � reforma do sistema de sa�de.
"Seus opositores t�m que come�ar a tem�-lo, e seus amigos t�m que aceitar a disciplina", escreveu. Se Obama n�o agir, "direitistas bizarros v�o controlar o Congresso em 2011, e ele estar� procurando outro emprego em 2013".
Na pol�tica americana, Gelb � um centrista, mas seu apelo fez eco � ala esquerda do Partido Democrata, insatisfeita com o que v� como paralisia de Obama diante de uma oposi��o que, sem l�deres tradicionais, apela a personagens n�o convencionais para mover uma at� agora bem-sucedida batalha ideol�gica contra ele.
"O Partido Democrata n�o pode mais disputar como partido de tecnocratas. Ser populista � agora a pol�tica inteligente", disse Katrina van den Heuvel, editora da revista de esquerda "The Nation", ap�s os republicanos conquistarem, h� 12 dias, a cadeira no Senado que foi de Edward Kennedy, �cone progressista de Massachusetts, antigo basti�o democrata.
Entendido como a defesa do homem comum diante do establishment, o populismo tem longa tradi��o nos dois grandes partidos dos EUA. Na atual crise, a bandeira foi hasteada por direitistas como a ex-governadora do Alasca Sarah Palin, candidata a vice na chapa derrotada do republicano John McCain, e o radialista Glenn Beck, que tem um programa na Fox News.
Na discurso deles, o "governo grande" do "socialista" Obama tirou do povo para dar aos bancos e burocratas e criar� "pain�is da morte" para decidir quais pacientes ficar�o sem tratamento, a fim de cortar custos do sistema de sa�de na reforma proposta pela Casa Branca.
O mote tem balan�ado eleitores sem filia��o partid�ria, como os independentes de Massachusetts que abandonaram o barco democrata.
Beck e Palin s�o chamarizes nesta semana da Conven��o do "Teaparty", movimento opositor que emula protesto antitaxa��o em Boston contra os brit�nicos, marca da luta pela independ�ncia no s�culo 18.
O site do evento, de quinta a s�bado, diz que os ingressos est�o esgotados, exceto para o banquete. Um dos debates ser� sobre a rela��o do governo Obama "com ditadores marxistas da Am�rica Latina".
Desde a derrota em Massachusetts, Obama parece hesitar entre manter o estilo professoral ou partir para arroubos de impacto pol�tico maior, mesmo que incerto. Ele lan�ou guerra pela regula��o do sistema financeiro, de onde vieram seus principais assessores econ�micos, mas anunciou congelamento de gastos para conter o deficit fiscal, como pedia a oposi��o. No discurso sobre o Estado da Uni�o, h� quatro dias, acenou aos republicanos citando cortes de impostos que promovera, mas fez uma cr�tica --rara para a ocasi�o solene-- � Suprema Corte.
Mas o maior ind�cio de que n�o haver� tr�gua na polariza��o veio na rea��o do juiz ultraconservador Samuel Alito, indicado por George W. Bush e que teve o voto contr�rio do ent�o senador Obama em 2006.
Num gesto desrespeitoso comparado ao do deputado que do plen�rio do Congresso gritou "voc� mente" para o presidente, h� quatro meses, Alito balan�ou a cabe�a e balbuciou "n�o � verdade" quando Obama atacou a decis�o da corte que liberou doa��es de empresas a campanhas eleitorais.
O caso ainda repercutia anteontem, dia em que o presidente teve raro momento de vit�ria midi�tica, aproveitando-se de um descuido opositor para fazer com que fosse televisionado um debate entre ele e congressistas republicanos em Baltimore, em Maryland. O site democrata Huffington Post vibrou com a atua��o de Obama, que reclamou de sua caricatura como mentor de um "compl� bolchevique".
A partir de ter�a, os republicanos escolhem nova arma num confronto que tende a crescer at� a elei��o de novembro, que renovar� a C�mara e um ter�o do Senado. Eles indicar�o em conven��o o candidato que disputar� a cadeira por Illinois que Obama ocupava no Senado antes da Presid�ncia.
Livraria da Folha
- Box de DVD re�ne dupla de cl�ssicos de Andrei Tark�vski
- Como atingir alta performance por meio da autorresponsabilidade
- 'Fluxos em Cadeia' analisa funcionamento e cotidiano do sistema penitenci�rio
- Livro analisa comunica��es pol�ticas entre Portugal, Brasil e Angola
- Livro traz mais de cem receitas de saladas que promovem saciedade
![Muro na fronteira do México com os EUA – Lalo de Almeida/Folhapress Muro na fronteira do México com os EUA – Lalo de Almeida/Folhapress](https://cdn.statically.io/img/f.i.uol.com.br/folha/homepage/images/17177107.jpeg)
Um mundo de muros
Em uma série de reportagens, a Folha vai a quatro continentes mostrar o que está por trás das barreiras que bloqueiam aqueles que consideram indesejáveis