Morre Kim Dae-jung, grande impulsor da reconcilia��o entre as Coreias
O ex-presidente sul-coreano Kim Dae-jung morreu nesta ter�a-feira, aos 83 anos, ap�s passar dois meses internado por uma pneumonia. Dae-jung foi uma das figuras mais importantes da democracia sul-coreana e o grande impulsor da pol�tica de reconcilia��o com a Coreia do Norte, o que lhe rendeu o Pr�mio Nobel da Paz em 2000.
Dae-jung foi o primeiro pol�tico da Coreia do Sul a se reunir com o ditador norte-coreano, Kim Jong-il, durante a hist�rica c�pula de 2000 em Pyongyang. A iniciativa foi copiada por seu sucessor na Presid�ncia, Roh Moo-hyun, em 2007.
Yun Jai-hyoung-23 dez.02/AP |
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Ex-presidente Kim Dae-jung (esq.) cumprimenta Roh Moo-hyun; ele � s�mbolo da democracia |
Na reuni�o de ent�o, foi assinado um acordo hist�rico que favoreceu a reconcilia��o nacional, a diminui��o das tens�es militares e a coopera��o econ�mica, al�m de ter facilitado o reencontro de fam�lias separadas � for�a pela guerra.
Poucos meses ap�s sua visita ao Norte, recebeu o Pr�mio Nobel da Paz "por seu trabalho pela democracia e os direitos humanos na Coreia do Sul e pela paz e a reconcilia��o com a Coreia do Norte".
O ex-presidente era muito respeitado por seu hist�rico de luta pela democracia em um pa�s que viveu sob uma ditadura at� meados dos anos 80, per�odo em que ele mesmo sofreu v�rias tentativas de assassinato, uma condena��o � morte e ficou exilado por um longo tempo.
Foi tamb�m o primeiro presidente a chegar ao poder � frente da oposi��o progressista, j� com mais de 70 anos, ap�s passar uma d�cada em pris�o domiciliar, cinco anos na pris�o e v�rios outros no ex�lio.
Sua carreira como ativista democr�tico come�ou pouco ap�s o fim da Guerra da Coreia (1950-1953). Ele atuou como defensor da democracia em plena sucess�o de ditaduras militares, at� meados dos anos 80.
Declarado inimigo pol�tico do ent�o ditador sul-coreano, o general Park Jung-hee, em 1973 foi sequestrado em T�quio em uma tentativa de assassinato encoberta pelo servi�o secreto do pa�s. A espionagem americana evitou sua morte.
Outro dos epis�dios decisivos em sua vida foi o papel que teve nos protestos pr�-democr�ticos de Gwangju contra o mandato de outro general, Chun Doo-Hwan, nos quais 200 pessoas morreram ap�s uma sangrenta repress�o.
Kim foi condenado � morte por encorajar o protesto, mas depois a pena foi reduzida a 20 anos de pris�o. Ele acabou ficando no ex�lio at� 1985, ano do come�o da transi��o democr�tica na Coreia do Sul.
Foi vencedor das elei��es em 1997 com 40% dos votos e pela primeira vez um partido opositor e progressista tomou o poder na Coreia do Sul, o que inaugurou um per�odo de dez anos de governos reformistas.
O ent�o l�der tirou o pa�s da crise financeira e apostou na aproxima��o intercoreana com uma pol�tica de reconcilia��o ambiciosa que nunca antes tinha sido tentada.
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Crise
No entanto, Kim Dae-jung n�o ficou de fora da pol�mica que costuma cercar todos os presidentes sul-coreanos e se viu envolvido em esc�ndalos de corrup��o familiar.
Em 2003, revelou-se que a reuni�o de Pyongyang foi, em parte, gra�as a um pagamento de US$ 500 milh�es ao regime comunista.
Sua morte foi muito sentida pelo povo coreano que o respeitava, apesar de ter se posicionado claramente contra o atual chefe de Estado, o conservador Lee Myung-bak.
"Perdemos um grande l�der. O povo lembrar� dele por seu compromisso com a democracia e a reconcilia��o nacional", disse Lee nesta ter�a-feira.
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