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Leite afirma que RS pode perder de R$ 5 bi a R$ 10 bi em receitas e pede ajuda federal

Governador diz que estado está consumindo reservas para honrar obrigações; ministro da reconstrução diz que mantém diálogo sobre medidas

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Brasília

O governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite (PSDB), disse nesta terça-feira (25) que o estado pode perder de R$ 5 bilhões a R$ 10 bilhões em arrecadação neste ano com a calamidade das enchentes e pediu a reposição desses valores pela União.

Segundo ele, o estado já está consumindo suas reservas de caixa, obtidas com vendas de ativos e privatizações, cujos recursos estavam previstos inicialmente para bancar investimentos.

Sem a ajuda da União, Leite alertou para o risco de precisar conter despesas para conseguir manter os salários do funcionalismo em dia. Ele disse, porém, não ter uma estimativa de quantos meses o colchão de recursos do governo gaúcho pode durar enquanto não há socorro da União nessa frente.

O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, em reunião com o governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite - Diogo Zacarias/Ministério da Fazenda

Leite esteve na tarde desta terça-feira (25) com os ministros Fernando Haddad (Fazenda) e Paulo Pimenta (Apoio à Reconstrução do Rio Grande do Sul).

Nos cálculos do tucano, o governo gaúcho já teve uma perda efetiva de R$ 1,8 bilhão no ICMS. Parte do prejuízo recairá sobre os municípios, que recebem uma parcela do imposto estadual.

"Só a União tem capacidade e ferramentas para suportar momentos como esse de queda de arrecadação. Não existe possibilidade de emissão de dívida por parte dos entes subnacionais. A União é que tem essa capacidade, fez isso na pandemia, e nós rogamos que seja feito agora também", disse o governador.

Segundo ele, o Rio Grande do Sul precisa dessa recomposição de receitas "o quanto antes".

"Nós vamos trabalhar para que não haja atrasos de salários, que o estado mantenha a capacidade de prestação de serviços, mas sempre cabendo no dinheiro que a gente tem. Quer dizer que, para não atrasar, para não acabar o dinheiro e não deixar de atender a população, a gente vai ter que atender menos a população em várias frentes, para que o gasto fique condicionado ao que cabe no bolso do estado", afirmou.

Pimenta disse que o governo federal está sensível às demandas do estado, mas citou iniciativas já tomadas pela gestão de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) para irrigar o caixa do governo gaúcho.

Uma delas é a antecipação da parcela de compensação devida ao estado no ano que vem pelas perdas com o corte no ICMS sobre combustíveis durante o governo do ex-presidente Jair Bolsonaro. O repasse de 2025 seria de R$ 680 milhões, sendo R$ 510 milhões para o estado e R$ 170 milhões para municípios.

Segundo Pimenta, esse é um dinheiro novo, dado que o trâmite normal da compensação ocorreria via abatimento da dívida do estado com a União —que foi suspensa por três anos, com aval do Congresso Nacional.

"O ministro Fernando Haddad falou para o governador que nós vamos acompanhar a evolução da execução da arrecadação do estado do Rio Grande do Sul. Vamos manter de forma permanente o diálogo para construir medidas compensatórias", afirmou o ministro.

"Outras medidas poderão ser adotadas no sentido de que a gente possa encontrar mecanismos que compensem a perda de arrecadação. Queremos que o estado do Rio Grande do Sul e todas as suas prefeituras possam manter os seus serviços, possam manter em dia o pagamento dos seus compromissos, e da parte do nosso governo não vai haver nenhum óbice para fazer toda a discussão necessária", acrescentou.

Leite também pediu que a União adote um entendimento amplo sobre os tipos de investimentos que podem ser financiados com os recursos poupados pelo estado com a suspensão da dívida com o governo federal.

Segundo ele, se a interpretação for muito restrita, o governo gaúcho ficará impedido de usar os recursos para bancar aquisições de equipamentos para municípios ou subvenção a famílias atingidas pela tragédia.

"Se a União restringir muito essa análise da possibilidade do uso desses recursos, a gente vai ter mais dificuldade de promover o reerguimento do estado", afirmou o governador.

Segundo ele, Haddad entendeu a importância do pedido e "determinou à sua equipe técnica que faça a interpretação que melhor ajude o Rio Grande do Sul".

Pimenta ponderou que é a lei complementar que define a necessidade de direcionar os recursos para investimentos, mas disse que alguns dos pedidos do estado nesse quesito devem ser atendidos, como a possibilidade de direcionar os recursos para construção de diques e estradas. O uso da verba para financiar subvenção às famílias, no entanto, poderia ser enquadrada como custeio, disse o ministro.

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