Ferrari busca conciliar baterias e motores para agradar clientes

Montadora não pretende eliminar o motor de combustão interna nos próximos anos, disse o CEO Benedetto Vigna

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Daniele Lepido
Bloomberg

A Ferrari não pretende eliminar o motor de combustão interna nos próximos anos, disse o presidente-executivo da fabricante de supercarros, já que a empresa mantém o compromisso de oferecer uma gama completa de motores para uma ampla variedade de compradores.

Mesmo com a Ferrari correndo para lançar seu primeiro modelo totalmente elétrico no final do ano que vem, o CEO Benedetto Vigna seguirá em frente com sua estratégia de inovar com novas tecnologias, mas aberto a diversas soluções, disse em entrevista para o podcast em italiano da Bloomberg, "Quello Che i Soldi Non Dicono" [O que o dinheiro não diz].

É um jogo de equilíbrio delicado para a montadora, pois enquanto compradores mais jovens se inclinam para o elétrico, muitos clientes consolidados relutam em abrir mão do ronco característico da Ferrari.

Logo da Ferrari na fábrica da montadora em Maranello, na Itália - Flavio Lo Scalzo - 15.jun.2022/Reuters

"Alguns clientes em potencial me dizem que só entrariam para a comunidade Ferrari se pudessem comprar um elétrico", disse o CEO. Outros dizem que "nunca comprariam uma Ferrari elétrica".

Os comentários de Vigna coincidem com um momento desafiador para o setor automotivo de alta gama. As fabricantes buscam reduzir as emissões justo quando a demanda por veículos elétricos desacelera e governos estão reduzindo os subsídios.

A Mercedes-Benz suspendeu o desenvolvimento de plataformas separadas para sedãs elétricos para economizar recursos e planeja vender carros a gasolina até a década de 2030.

O CEO da Lamborghini disse acreditar que ainda é cedo para a empresa tornar seus carros esportivos de alto desempenho totalmente elétricos.

Mas em outros mercados, a competição em veículos elétricos se intensifica. A chinesa BYD apresentou em fevereiro um veículo elétrico de alto desempenho ao preço de 1,68 milhão de yuans (US$ 232 mil) que, pelo menos em teoria, desafiaria a Ferrari e a Lamborghini.

Vigna disse que prefere ouvir os clientes em vez de se fixar em uma única tecnologia, o que combina bem com o fato de que os modelos híbridos —uma espécie de opção intermediária— representaram cerca de metade das vendas de carros novos da montadora no último trimestre.

"A Ferrari precisa ser capaz de oferecer aos clientes uma experiência de direção única, independentemente do tipo de propulsão do motor", disse Vigna. Isso significa opções tradicionais, híbridas e totalmente elétricas, explicou.

Ainda assim, o CEO tem sido a força motriz por trás da mudança gradual para a energia elétrica, e uma fábrica dedicada à construção de carros híbridos e elétricos estará pronta no final desta semana.

"É apenas uma questão de ouvir diferentes vozes para ter uma visão completa", disse Vigna.

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