Companhias aéreas preveem recorde de 5 bilhões de passageiros em 2024

Custos das empresas vão bater recorde de US$ 936 bilhões neste ano, impulsionados por combustível, diz Iata

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Tangi Quemener
Dubai (Emirados Árabes Unidos) | AFP

As companhias aéreas esperam transportar quase 5 bilhões de passageiros em todo o mundo neste ano, superando o recorde de 2019, antes da pandemia, anunciou nesta segunda-feira (3) a Iata (Associação Internacional de Transporte Aéreo).

A entidade, reunida em assembleia geral em Dubai, também prevê que as empresas gerem um lucro líquido mundial de US$ 30,5 bilhões em 2024 e uma receita sem precedentes de US$ 996 bilhões.

Dois aviões comerciais, um da Gol e outro da Azul, estão em um aeroporto com pistas e gramados ao redor. O avião da Gol está em primeiro plano, com sua característica pintura laranja e branca, enquanto o da Azul, com detalhes em azul e branco, está um pouco mais distante. Ambos parecem estar taxiando ou aguardando autorização para decolar.
Aeroporto de Congonhas, em São Paulo - Bruno Santos - 15.mar.24/Folhapress

Esses resultados representam "um grande sucesso dadas as graves perdas recentes devido à pandemia", disse o diretor-geral da Iata, Willie Walsh, diante dos delegados de sua organização, que reúne 320 companhias aéreas que representam 83% do tráfego mundial.

Os 4,96 bilhões de passageiros previstos neste ano superariam o recorde de 4,54 bilhões de 2019.

A crise sanitária provocou enormes perdas no setor de transporte aéreo, estimadas pela Iata em US$ 183 bilhões entre 2020 e 2022.

"A recuperação pós-covid tem sido notável", indicou à AFP Vik Krishnan, um especialista do setor aéreo da consultora McKinsey.

No entanto, existem "contrastes entre as diferentes regiões", expõe: "as linhas domésticas nos Estados Unidos funcionam muito bem, como na China", o que não é o caso na França e na Alemanha.

A Iata estima que em 2023 as companhias aéreas obtiveram um lucro de US$ 27,4 bilhões de dólares.

Custos em aumento

Willie Walsh anunciou uma rentabilidade relativamente baixa para seu setor, de 3% para 2024. "Com apenas US$ 6,14 por passageiro, nossos lucros não são tão altos, mal dão para um café em certas partes do mundo", disse.

Os custos das companhias aéreas vão bater um recorde neste ano, ascendendo a US$ 936 bilhões, segundo a Iata.

Uma das causas principais é a fatura do combustível, estimada em US$ 291 bilhões, equivalente a 31% dos custos operacionais, com base em um barril de querosene a US$ 113,8.

"É muito importante que consigamos manter uma rentabilidade duradoura. Isso permitirá às companhias investir plenamente nos produtos desejados por nossos clientes, e nos meios para obter a neutralidade de carbono em 2050", acrescentou o diretor geral.

O transporte aéreo emite atualmente menos de 3% do gás carbônico mundial, mas é apontado como um problema, dado que apenas uma parte minoritária da população mundial utiliza esse modo de deslocamento.

Para alcançar a neutralidade de carbono em 2050, a Iata aposta no uso de combustíveis de aviação sustentáveis (SAF, do inglês "sustainable aviation fuels") em 65%, uma otimização das operações aéreas e terrestres e iniciativas de compensação de carbono.

No entanto, apesar da triplicação da produção de SAF esperada neste ano em comparação com 2023, estes representarão apenas 0,53% do consumo mundial de combustível do setor de transporte aéreo comercial, indica a Iata.

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