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Chambriard quer acelerar busca por petróleo, planos de retomada da Gol e o que importa no mercado

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Victor Sena
São Paulo

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Magda Chambriard diz a que veio

A nova presidente da Petrobras, Magda Chambriard, deu a primeira entrevista na noite desta segunda-feira (27).

Ela defendeu que o Brasil acelere a exploração de petróleo para repor reservas. Sem isso, disse, poderia voltar a ser importador.

↳ Citou a exploração da bacia da Foz do Amazonas e a de Pelotas, no Rio Grande do Sul, como regiões potenciais.

Chambriard é velha defensora de encomendas de navios à indústria nacional, investimentos em refinarias e a exploração de petróleo na bacia da Foz do Amazonas, na região da Margem Equatorial.

↳ A visão vai ao encontro do que o governo quer da companhia.

Magda Chambriard, nova presidente da Petrobras, durante sua primeira entrevista coletiva, nesta segunda (27) - Pablo Porciuncula/AFP

Na entrevista, porém, ela adotou um tom conciliador e disse que a Petrobras vai focar em projetos que dão lucro, com retornos para todos os acionistas. Ela garantiu a manutenção da política atual de preços de combustíveis.

Engenheira e ex-funcionária da Petrobras, ela comandou a ANP (Agência Nacional do Petróleo, Gás e Biocombustíveis) nos governos Dilma Rousseff. Veja mais sobre a história da executiva aqui.

  • A posse aconteceu na última sexta, depois que seu currículo recebeu o aval de um comitê interno independente.

Magda Chambriard é a oitava presidente da Petrobras em oito anos. Neste texto, você pode lembrar como o preço das ações reagiu em cada troca.

Alinhada com o Planalto. Mais cedo, também nesta segunda, o ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, defendeu o investimento da estatal na infraestrutura do país. Para ele, a Petrobras não precisa dar 100% ou 200% de lucro.

"No canudinho". Silveira criticou a demora na liberação da extração de petróleo na Foz do Amazonas pelo Ibama e disse que o Brasil está perdendo uma oportunidade. Segundo o ministro, a vizinha Guiana está "chupando de canudinho" o petróleo da bacia.

Na entrevista feita durante a noite, Magda disse que as autorizações de explorações têm que ser discutidas "à luz da sua contribuição para a sociedade brasileira".

Relembre a troca. A gestão dos investimentos da Petrobras foi uma das razões para a mudança na presidência da companhia. O ex-chefe Jean Paul Prates tentou equilibrar promessas de campanha de Lula com o interesse de investidores privados. A dinâmica, no entanto, recebia críticas do Palácio do Planalto.

Editorial | O que a Folha pensa: Governança terá novo teste na Petrobras

Para aprofundar: série de reportagens da Folha mostra como estão os estaleiros nacionais.

↳ Nos anos 2000, eles foram impulsionados por encomendas da Petrobras, mas minguaram com a suspensão de novas encomendas durante a crise por que a empresa passou. A retomada "forçada" do setor, no entanto, é colocada em dúvida por especialistas.

Os planos de retomada da Gol

A Gol apresentou nesta segunda (27) um plano para reestruturar seus negócios nos próximos cinco anos.

Em recuperação judicial nos Estados Unidos, a companhia aérea divulgou apenas diretrizes, uma espécie de prévia do plano oficial de recuperação, que ainda precisa ser feito. Entenda aqui como funciona o processo.

Pontos principais. A Gol aspira fazer um aumento de capital de US$ 1,5 bilhão (R$ 7,7 bilhões), com emissão de novas ações, e refinanciamento de US$ 2 bilhões (R$ 10,3 bilhões) em dívidas.

  • A empresa quer reduzir seu indicador de endividamento de 3,7 para 1,7;
  • O plano prevê que a companhia terá 169 aeronaves na frota. Hoje, são 141.

Entenda. A justiça dos EUA aceitou o pedido de recuperação judicial da Gol em janeiro. Dívidas com credores ficam suspensas até serem renegociadas. A empresa aérea pode também manter seus contratos e as operações.

Em números:

  • São US$ 8,3 bilhões (R$ 40,7 bilhões) em dívidas;
  • Do total, R$ 3 bilhões venceriam já neste ano, mas a companhia não teria caixa para honrar esses compromissos.

O problema da Gol não é operacional. Os resultados são positivos, mas ela não tinha novas garantias para renovar a dívida a vencer.

Entre os maiores credores estão o banco BNY Mellon, a aeronáutica, a distribuidora de combustível Vibra e a fabricante de aviões Boeing. O grupo total é de mais de 50 mil nomes.

Boeing 737 Max, parte da frota de aviões da Gol. - Diego Vara/Reuters

Perspectivas. O plano prevê uma queda na geração de caixa neste ano, mas uma recuperação aos níveis do ano passado em 2026.

Fusão com Azul. Desde o início da recuperação, a Azul mostra interesse na Gol. A concorrente considera um modelo em que cederia uma participação na nova companhia formada depois da fusão aos atuais donos da Gol.

↳ Isso dispensaria a necessidade de dinheiro em caixa.

Uma fusão, porém, poderia colocar a concorrência do setor aéreo no Brasil em risco. As empresas têm cerca de 30% do mercado cada, atrás da líder LatAm, com 40%.

↳ O assunto foi tema de um artigo de opinião do professor da FGV Márcio Holland. Leia o texto completo aqui.

Parceria nos voos. Na última semana, uma união anunciada entre as companhias despertou mais uma vez o tema. Clientes Gol poderão acessar destinos da Azul com apenas uma compra, e vice-versa. Para isso, os voos terão conexões.

  • Os destinos combinados podem chegar a 2.800 mercados

O que tem de novo para o consumidor com parceria? Explicamos aqui.

Cigarros na mira de Haddad

O Ministério da Fazenda estuda aumentar a tributação sobre os cigarros para recompor parte da receita perdida com o acordo para manter a desoneração da folha de pagamento.

  • Com mais impostos, seria possível arrecadar R$ 1 bilhão ainda este ano.

Sim, mas… O valor é minúsculo em relação ao total que o governo está deixando de receber com a desoneração, que soma R$ 25,8 bilhões.

↳ O impacto pequeno se deve à exigência de 90 dias para qualquer alteração no IPI (Imposto sobre Produtos Industrializados) entrar em vigor.

Mais medidas estão em análise e só serão divulgadas na próxima semana, depois do feriado de Corpus Christi.

Sem desespero. Os R$ 25,8 bilhões são necessários para o governo cumprir a meta de déficit zero nas contas.

Mas… A reposição do valor não é motivo de grande preocupação para o ministro Haddad porque o entendimento do STF (Supremo Tribunal Federal) é de que o Congresso precisa definir ou dar aval a uma nova fonte de receitas.

Relembre. A desoneração sobre a folha de pagamentos envolve 17 setores e foi criada no governo Dilma Rousseff, em 2011, com objetivo de estimular contratações. Desde então, foi prorrogada sucessivas vezes.

↳ Com o compromisso de zerar o déficit das contas, o governo questionou no STF a última prorrogação feita pelo Congresso. O ministro Cristiano Zanin atendeu ao pedido e restituiu a cobrança do imposto.

↳ Em acordo com o Senado, Haddad decidiu fazer uma retomada gradual do imposto sobre a folha nos próximos anos, mas reforçou a necessidade de medidas para compensar a perda de receita. Entenda aqui.

Imposto do pecado. Com a reforma tributária, o imposto IPI —usado também para desestimular a compra de cigarros e bebidas alcoólicas— deixa de existir.

No lugar, entra uma tributação seletiva sobre produtos nocivos, conhecida também como "imposto do pecado". Ele será um imposto extra, já que a principal proposta da reforma tributária é ter uma cobrança igual sobre todos os bens e serviços, fora as exceções.

O custo da tragédia nos seguros

As chuvas no Rio Grande do Sul marcam uma virada no preço dos seguros no Brasil. Essa é a expectativa do setor, que vê todo tipo de apólice ficar mais cara. Seja a do carro, a de vida, as destinadas à produção agrícola…

↳ Especialistas estimam que sinistros no Rio Grande do Sul ultrapassem os R$ 7 bilhões, alcançando o patamar da pandemia;

↳ A Folha conversou com executivos de diversas seguradoras. Veja os relatos aqui.

O preço das mudanças climáticas. Com mais riscos no radar, a tendência é de preços mais altos para os contratos (mesmo se a demanda por apólices aumentar, o que em tese distribuiria melhor os custos para os clientes).

Alerta. Uma pesquisa da PwC feita com 589 líderes do setor aponta que as mudanças climáticas são o terceiro maior risco para as seguradoras. Como elas têm suas próprias seguradoras, e dependem também de seguros, a alta dos preços deve ser generalizada.

↳ A maioria das perdas (70%) com desastres naturais da última década aconteceu entre 2020 e 2023, o que evidencia como desastres são cada vez mais frequentes. Nesta reportagem, especialistas explicam o que está por trás desses eventos.

Segundo a multinacional de análise de dados Aon, desastres naturais custaram US$ 380 bilhões para a economia mundial em 2023, mas apenas 30% estavam cobertos.

Agro. Produtores de arroz, frutas e carne suína tiveram fortes perdas no Rio Grande do Sul. A estimativa é que todo o setor tenha registrado um prejuízo de R$ 2,34 bilhões.

Os agropecuaristas devem ter dificuldade em retomar a produção, já que as propriedades e maquinários também foram perdidos.

↳ Mesmo com forte exposição aos riscos climáticos, apenas 6% da produção agrícola nacional estava protegida em 2023.

↳ O impacto na economia brasileira ainda está sendo avaliado por especialistas. Veja mais aqui.

Quase um mês depois. O RS ainda tem milhares sem luz e sem aulas. No domingo (26), a tragédia chegou a 169 óbitos. No total, 469 municípios foram afetados, e 581.638 moradores foram desalojados.

Nesta semana, a região de Porto Alegre voltou a receber voos pelo aeroporto da cidade de Canoas, enquanto a capital vê a água baixar. As águas do lago Guaíba seguem acima dos três metros, o necessário para liberar a parte ainda inundada da cidade.

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