Descrição de chapéu Financial Times África

Anglo American rejeita oferta melhorada de R$ 220 bilhões da BHP

Fusão entre os dois grupos criaria o maior produtor global de cobre, metal crucial para esforços de descarbonização

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Harry Dempsey Ivan Levingston
Londres | Financial Times

A Anglo American rejeitou uma nova oferta de aquisição da rival BHP de 34 bilhões de libras (R$ 220 bilhões), preparando terreno para uma potencial batalha de aquisição hostil entre dois titãs da indústria global de mineração.

Na nova proposta, a BHP avaliou sua rival de porte menor listada em Londres em 27,53 libras por ação, acima dos aproximadamente 25 libras por ação da proposta original do mês anterior, disse o grupo australiano nesta segunda-feira (13).

A oferta da BHP representou um aumento de 15% em relação à proposta anterior, e cerca de 30% maior que o preço das ações da Anglo antes de as negociações se tornarem públicas.

A BHP disse que está "desapontada que o conselho da Anglo American optou por não se envolver". A mineradora australiana disse que essa nova aproximação não representa uma intenção concreta de fazer uma oferta e tem até a próxima quarta-feira (15) para decidir se fará uma oferta formal.

Mina de cobre no Panamá.
Mina de cobre no Panamá. - Tarina Rodriguez/Reuters

A Anglo disse em comunicado que seu conselho avaliou que a oferta revisada e não vinculativa da BHP ainda está subvalorizando "significativamente" os ativos da empresa e suas perspectivas, reiterando que a estrutura não é atraente para os acionistas.

No mês passado, a empresa rejeitou uma primeira abordagem de aquisição não solicitada de 31 bilhões de libras (R$ 200 bilhões) da BHP por motivos semelhantes.

A motivação da oferta são as valiosas minas de cobre da Anglo. Uma fusão entre os dois grupos criaria o maior produtor de cobre do mundo, um metal crucial para esforços mundiais de descarbonização.

As ações da Anglo caíram 2,4% nesta segunda para 27,07 libras em Londres, dando à empresa um valor de mercado de 33 bilhões de libras.

Os detalhes da oferta colocam o CEO da Anglo, Duncan Wanblad, sob pressão para provar que uma estratégia independente traria melhores retornos para os investidores.

A BHP está de olho nas minas de cobre da Anglo na América Latina —uma fusão entre os dois grupos criaria o maior produtor mundial de um metal crucial para os esforços mundiais de descarbonização. Também ampliaria a presença da BHP no mercado de minério de ferro e de carvão metalúrgico. O acordo seria o maior da história do setor.

Mike Henry, CEO da BHP, disse nesta segunda considerar que as duas empresas ganhariam com a nova oferta, pela qual a participação agregada dos acionistas da Anglo na companhia resultante da fusão subiria para 16,6%, em comparação com 14,8% da primeira oferta.

A nova proposta manteve uma disposição que exigia que a Anglo desmembrasse dois negócios sul-africanos antes da transação —algo que provocou reação contrária de Pretória, capital da África do Sul.

Ao ser contatada pelo Financial Times nesta segunda, a entidade estatal sul-africana Public Investment Corporation, segundo maior acionista da Anglo, reiterou que a mineração é uma "parte crítica da economia sul-africana, impactando uma ampla variedade de partes interessadas", e que qualquer oferta "precisaria levar esses fatores e a sustentabilidade de longo prazo em consideração".

A BHP disse que continua "acreditando que a combinação dos dois negócios traria um valor significativo para todos os acionistas".

"Estamos desapontados que essa segunda proposta tenha sido rejeitada", disse Henry.

Mark Kelly, CEO da MKP Advisors, disse que "a BHP está claramente reservando o direito de se tornar hostil".

George Cheveley, gestor de portfólio da Ninety One, acionista da Anglo e da BHP, disse que sua reação inicial à proposta foi que "precisamos esperar para ver qual é o plano da própria Anglo".

Desde dezembro, quando as ações da Anglo sofreram a pior queda em um dia, Wanblad, CEO da Anglo, prometeu apresentar um plano para reformular a empresa após conduzir uma revisão sistemática de ativos. A Anglo disse que apresentará esses planos na terça-feira (14).

Alguns investidores previram que a companhia fundada há 107 anos na África do Sul será comprada ou dividida. Os desafios da Anglo também atraíram o fundo de hedge ativista Elliott Management, que construiu uma participação considerável na empresa.

A BHP disse que haverá "sinergias significativas", sem especificar um número. Analistas do RBC disseram que estimam que seria necessária uma oferta acima de 30 libras por ação para convencer todos os acionistas da Anglo.

A BHP acrescentou em sua nova proposta que concederia até dois assentos no conselho para a Anglo, além de esclarecer que arcaria com os custos do desmembramento das unidades sul-africanas. Isso incluiria uma cobrança de imposto de ganhos de capital de US$ 2 bilhões para a África do Sul, segundo pessoas familiarizadas com o assunto.

Erramos: o texto foi alterado

A nova oferta da BHP foi de 34 bilhões de libras (R$ 220 bilhões), não de euros (R$ 188 bilhões), como afirmava versão anterior desta reportagem

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