A Airbus disse nesta quinta-feira (15) que planeja entregar mais aviões em 2024, consolidando sua liderança sobre a rival Boeing, mesmo com a empresa europeia alertando sobre desafios persistentes na cadeia de suprimentos.
O CEO da Airbus, Guillaume Faury, disse que o grupo está tentando equilibrar a demanda crescente das companhias aéreas com uma cadeia de suprimentos que é um "mundo de gargalos" com "muita complexidade".
A Airbus, segundo ele, está "tentando encontrar o ponto ideal entre a demanda e os muitos gargalos".
O maior fabricante de aviões do mundo disse que pagará um dividendo especial aos acionistas depois que o caixa líquido ultrapassou os 10 bilhões de euros em 2023.
A empresa espera entregar cerca de 800 aeronaves comerciais aos clientes este ano —65 a mais do que em 2023. Para 2026, a empresa reafirmou os planos de construir 75 jatos por mês da família A320, seu modelo mais vendido.
A Airbus está aumentando a produção justamente quando a Boeing luta para conter as consequências do rompimento da fuselagem em pleno voo de um de seus aviões 737 Max operado pela Alaska Airlines no mês passado.
O órgão regulador de segurança da aviação dos EUA impediu a Boeing de aumentar a produção de seus aviões 737 Max enquanto continua investigando os processos de fabricação da empresa.
Faury disse que o incidente foi "mais um lembrete de que estamos em um setor complexo no qual a qualidade e a segurança nunca estão garantidas por definição".
"Não pode ser quantidade em detrimento da qualidade", disse. "Queremos entregar um número de aviões que sejam de alta qualidade e seguros".
As linhas de produção em todo o setor têm sido sobrecarregadas desde o fim da pandemia de Covid-19 e com as companhias aéreas globais fazendo pedidos sem precedentes. Problemas nos fabricantes de motores têm agravado os desafios.
Faury enfatizou que a empresa está atualmente focada em atender ao aumento planejado na produção para 75 jatos A320 por mês em 2026 e não está considerando aumentos adicionais neste momento.
O lucro operacional do grupo subiu 4% para 5,8 bilhões de euros no ano passado, enquanto a receita aumentou 11% para 65,4 bilhões de euros.
No entanto, a empresa ofereceu orientação financeira moderada para o próximo ano, com fluxo de caixa livre ajustado esperado em 4 bilhões de euros, abaixo dos 4,4 bilhões de euros em 2023, o que fez suas ações caírem 0,9% nesta quinta-feira (15).
Embora o negócio de aeronaves comerciais tenha tido um ano forte, a Airbus revelou que seu braço de defesa e espaço foi afetado por encargos totalizando 600 milhões de euros. Os lucros da divisão caíram 40% para 229 milhões de euros.
Faury disse ao Financial Times no ano passado que não estava satisfeito com o desempenho do braço espacial, que foi afetado por atrasos no desenvolvimento e enfrenta forte concorrência de empresas americanas como a SpaceX.
Separadamente, a fabricante de motores francesa Safran ecoou os comentários de Faury sobre as pressões na cadeia de suprimentos.
A empresa disse que ainda enfrenta problemas de contratação nos EUA e escassez de materiais como titânio e outros metais, e espera que os problemas persistam neste ano.
O CEO, Olivier Andriès, disse que a empresa está em uma boa posição para atender às solicitações da Airbus de aumentar o ritmo de entrega de motores.
"Estamos nos colocando em uma posição para atender às necessidades da Airbus e da Boeing em 2024, e estamos discutindo atualmente suas necessidades em 2025", disse ele em entrevista ao canal de televisão francês BFM Business. "Certamente responderemos e acompanharemos esse aumento de ritmo".
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