PwC sobre Americanas: 'Fraude pode acontecer em qualquer situação'

Ex-auditoria da varejista diz que escândalo contábil não abalou sua imagem

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São Paulo

O executivo Edmilson Monutti, sócio da PwC Brasil, negou que o caso Americanas tenha deixado mal-estar ou comprometido a reputação da auditoria, durante evento em espaço do Magazine Luiza em São Paulo, nesta terça (24).

Desde janeiro, quando veio à tona o escândalo contábil de uma das suas então maiores clientes no Brasil, a Americanas, a PwC vem recebendo críticas de especialistas em governança, pelo fato de não ter identificado indícios da fraude bilionária. Para a imprensa, a empresa sempre disse que não comentava casos de clientes.

"Tudo o que a regra previa foi executado", disse Monutti à Folha, em uma rara declaração pública da empresa sobre o tema. "Este é um assunto que já foi tratado nas instâncias adequadas", afirmou, referindo-se à CVM (Comissão de Valores Mobiliários) e à CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito), encerrada mês passado em Brasília, para a qual a PwC prestou esclarecimentos.

"Casos como fraude, risco de algo errado acontecer, existem em qualquer situação. Estamos tratando aqui [no evento] de uma estrutura de governança que mitigue isso", disse Monutti, que cuida da parte de consultoria da PwC e não quis dar informações sobre o setor de auditoria.

fachada de loja vermelha em que se lê americanas express
Fachada de loja da Americanas no bairro da República, região do central de São Paulo - Gabriel Silva/Ato Press/Agência O Globo

A reportagem pediu novamente uma entrevista com a PwC, um dos gigantes globais dos mercados de consultoria e auditoria de empresas, mas a empresa declinou.

Em recuperação judicial, a varejista, que tem dívidas declaradas de R$ 42,5 bilhões, assumiu ter sido alvo de uma fraude contábil nos últimos anos, que deixou um rombo de R$ 25 bilhões no balanço.

A empresa anunciou em junho, em fato relevante, que estava rompendo o contrato com a PwC. Hoje a Americanas tem a BDO RCS Auditores Independentes como auditoria. No próximo dia 31, a empresa divulga o balanço de 2022.

A BDO será responsável por auditar as demonstrações financeiras do exercício de 2022 e refazer o balanço de 2021, além de rever as demonstrações financeiras do início deste ano.

"A Americanas não faz qualquer julgamento acerca da natureza ou extensão da participação das empresas de auditoria no episódio. Entretanto, um maior aprofundamento nos trabalhos de apurações seria necessário para, desde já, assegurar a independência da PwC para seguir com os trabalhos de auditoria das demonstrações financeiras da Companhia. Dessa forma, devido à necessidade de apresentar demonstrações financeiras auditadas o mais brevemente possível, a companhia e seu Conselho de Administração decidiram pela rescisão do contrato com a PwC e imediata contratação da BDO", informou a varejista, no fato relevante.

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